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Reportagens

O comunismo vai ao cinema

Filmagens de História de Um Valente

Por Luiz Joaquim | 05.10.2009 (segunda-feira)

Iniciou sábado (dia 3), logo cedo, às 7h15, no Palácio do Campo das Princesas, as filmagens do mais novo longa-metragem pernambucano: “História de Um Valente”, de Cláudio Barroso. Com roteiro escrito a oito mãos – junto a Paulo Caldas, Pedro Severien e Amin Stepple – a dramatização que contará a história do lider comunista Gregório Bezerra (1900-1983) é um projeto que acompanha seu realizador há no mínimo três anos.

De proporções grandes para o padrão local, a produção conta com cerca de 60 atores e uma equipe técnica afiada para dar vida ao período entre 1957 e 1964 na vida do comunista, sob um orçamento em torno de R$ 3,6 milhões pela coordenação da produtora Camará Filmes.

Na tarde de sexta-feira, o elenco foi apresentado à imprensa com a presença também de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que vem prestando assessoria iconográfica à produção, com informações mais relacionadas ao lado humano de seu pai. A questão de como retratar a figura história de Gregório não como um herói mas como um sujeito vulnerável e suscetível a excessos é uma preocupação de Barroso, que teve a oportunidade de conhecer pessoalmente seu cinebiografado.

Aconteceu poucos anos após o cineasta ter vindo de São Paulo para o Recife, em 1979, para filmar “Pedras de Fogo”, sobre as Ligas Camponesas. “Esse era um momento importante, quando os anistiados começaram a voltar ao Brasil e tive a oportunidade de entrevistar Gregório para um filme com uma realizadora francesa”, relembra o cineasta, ressaltando seu conforto com o tema do novo trabalho.

Mas conhecido pela nova geração pelo curta “O Mundo É Uma Cabeça” (2004), dirigido com Bidu Queiroz, Barroso terá o piauiense Francisco Carvalho (o barqueiro de “Espelho D’Água”), interpretando Gregório que já sofreu caracterização para as filmagens. A escolha do protagonista deu bastante trabalho para a produção uma vez que, após desistência de Jackson Antunes e, num outro momento, de Werner Schurnemann, chegou até Carvalho num momento já próximo das filmagens.

Ao lado de Francisco estará Magdale Alves, como a esposa Maroca; Hermila Guedes como a filha Jandira; José Barbosa será o filho Jurandir e Cláudia Maciel sua esposa. Perguntados sobre que referências tinham de Gregório antes do convite para o trabalho, a jovem geração do elenco – Hermila, José e Cláudia – confessaram saber pouco ou nada a respeito. “O cinema me salva. Ele me dá esse presente de poder conhecer figuras assim”, diz Hermila, enquanto José revela que hoje não pára de pesquisar sobre Gregório.

No campo das personalidades políticas, Edmilson Barros viverá Miguel Arraes na época do Golpe de 1964, e contracena com David Capistrano (Jones Melo),que à época dirigia o jornal “A Folha do Povo” . “Nesse momento, Capistrano e o jovem Arraes já eram conhecidos há 30 anos, pois o então governador havia sido, aos 18 anos, soldado de Capistrano”, resgata Barroso.

Considerando a período histórico em que o enredo se concentra – envolvendo também alguns flashbacks da infância e juventude de Gregório – a equipe técnica de “História de Um Valente” têm se desdobrado na pesquisa do figurino (de Inês Salgado), da direção de arte (de Cláudio do Amaral Peixoto) e fotografia (de Rodrigo Monte). Nessa trabalho, a equipe talvez conte com um tanque de guerra de 1958. Um achado que deve dar consistência plástica para sequências como a da deposição de Arraes do governo.

Outra cena forte garantida no filme diz respeito à tortura que o comunista sofreu, quando foi arrastado com um corda no pescoço pela praça de Casa Forte. “Faremos a cena na praça em frente a Prefeitura de Olinda, que irá ser transformada numa escola. Não dá para refazer a cena no lugar original, hoje cercado de prédios muito altos”, lamenta Barroso.

Embalando “História de Um Valente”, a trilha sonora está sob a responsabilidade do DJ Dolores e vai contar com a participações de Fred Zero Quatro, Josildo Sá, Maciel Melo e Mônica Feijó. “O Maestro Spock também participa como lider dos ‘Diabos de Fernando’, grupo musical de Fernando de Noronha à época em que Gregório esteve preso ali”, adianta o diretor.

Depois do Recife, a produção segue para o Zona da Mata, passando por Catende, Palmares, Iguarapeba, São Benedito do Sul e Tamandaré, para depois voltar ao Recife e finalmente ir a Fernando de Noronha.

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