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4.000 versus 520

Câmera clara 189

Por Luiz Joaquim | 25.01.2010 (segunda-feira)

Quando se vê cerca de 400 filmes a cada 12 meses, e essa prática já dura mais de dez anos (resultando grosseiramente numa conta de quatro mil filmes na última década), fica cada vez mais difícil enxergar genuína beleza e sofisticação no cinema. Querer ver inovação já é pedir muito. Mas, acreditem ou não, encontrar estes elementos ainda é possível. Mas isso é um outro assunto. O que queremos dizer é que quantidade, sem processamento, não implica em qualidade. Em outras palavras, não é pela simples matemática que o sujeito que vê 4.000 filmes em dez anos o qualifica para que sempre saiba falar bem a respeito do acabou de ver. Algumas vezes, aquele que vê um filme por semana (somando 52 em um ano, ou 520 por dez anos) observa melhor algumas questões humanas intrísicas num roteiro sutilmente elaborado, que não mastigue tudo para seu espectador. Do ponto de vista analógico, da capacidade de fazer analogias com outros filmes, o sujeito dos 4.000 filmes sai na frente, não temos dúvida. Mas, e daí se a analogia não serve para ele “entrar” no filme, refletindo e emocionando-se com o que o filme lhe propõe? Apenas a analogia é muito pouco para a análise de um filme. Se for por aí apenas, teremos uma pessoa fazendo o papel de uma enciclopédia cinematográfica, ou, para ser mais atual, fazendo às vezes de um bom site técnico de busca de cinema. Deixa de ser um indivíduo, que pensa, para ser algo que só reproduz informação, um robô. Resumindo, em se tratando de cinema, 520 pode ser maior que 4.000.

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SCORSESE
O vencedor do troféu honorário ‘Cecil B.de Mille’ no Globo de Ouro 2010, Martin Scorsese, está definitivamente interessado em adaptar o romance infantil de Brian Selznick, “A Invenção de Hugo Cabret”. Fala de um garoto de 12 anos, órfão, vivendo numa estação de trem depois da a 2á Guerra Mundial e que sonha reencontrar seu pai.

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ELITE 2
Em entrevista com Amanda Sena, nossa setorista de artes cênicas da Folha de Pernambuco, o ator Irandhir Santos, que está no elenco de “Tropa de Elite 2”, diz que nada pode adiantar sobre seu personagem no filme. Garantiu apenas que o plano da produção é encerrar em abril as filmagens, que à propósito começam ainda este mês. Também no plano está o objetivo de finalizá-lo em outubro. Ou seja, o plano implícito aí deve desejar exibir o filme na Mostra Internacional de Cinema de SP ou no Festival de Brasília, para depois lançá-lo comercialmente em dezembro.

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DO INFERNO
Com o título “Saberes Populares”, os documentários selecionados para o CurtaDoc, que exibe às 21h amanhã (29-jan) no SescTV (com reapresentação domingo), incluem o trabalho pernambucano “A Figueira do Inferno” (2004), da produtora Telephone Colorido. O filme faz uma anotação bem-humorada dos efeitos da Trombeta, Datura, Erva-do-diabo, Saia-branca, Copo-de-leite e da Zabumba, inúmeras nomenclaturas para a protagonista do documentário – a Figueira do Inferno. A plantinha é conhecida por ser altamente alucinógena e até perigosa.

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