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Críticas

Incontrolável

Velocidade sob trilhos

Por Luiz Joaquim | 06.01.2010 (quarta-feira)

Apesar da estreia agendada para acontecer amanhã, “Incontrolável” (Unstoppable, EUA, 2010), de Tony Scott, já pode ser visto hoje, em caráter de pré-lançamento nos multiplex. Como estrela maior do elenco está Denzel Washington, cada vez mais parceiro de Scott, com quem já trabalhou em outros quatro filmes: “Maré Vermelha” (1995), “Chamas da Vingança” (2004), “Deja Vu” (2006), “O Sequestro do Metrô 123” (2009).

Conhecendo a enredo de “Incontrolável”, a primeira lembrança que vem à mente é a do filme dirigido em 1994 por Jan de Bont, “Velocidade Máxima”, no qual Keanu Reeves e Sandra Bullock tentavam livrar os passageiros de um ônibus que não podia rodar devagar, caso contrário explodiria pelo controle do louco Dennis Hopper. Isso porque tanto uma quanto a outra produção tem como intenção primeira interromper o trajeto de um trambolho enorme com o mínimo de prejuízo econômico e humano.

O incontrolável do filme de Scott (sob roteiro de Mark Bomback, de “Duro de Matar 4.0”) é um trem com carga inflamável, desgovernado e “equivalente a um míssel do tamanho de um arranha-céu”. No veículo não há passageiros. Num outro, que pode interrompê-lo, há apenas o veterano maquinista Frank, vivido por Washington e equivalendo ao Reeves de “Velociade Máxima”; e o condutor iniciante Will, na pele de Chris Pine (o jovem Kirk do novo “Jornada nas Estrelas”, 2009) equivalendo a Bullock no filme do ônibus.

Enquanto Frank está prestes a se aposentar, mas é ameaçado pela empresa num possivel corte de pessoal, Will é o inexperiente funcionário, em sua primeira viagem prática, e cujo sobrenome nobre na cidade indicada um certo protecionismo do patronado. É o mote para se criar uma pequena animosidade entre estes dois operários, juntos numa viagem pela primeira vez. Mas os atritos logo desaparecem diante do problema causado por um outro funcionário, relapso na estação, que coloca o trem 777 sob perigo.

Com acidentes espetaculares, correria policial e cenas nas quais os dublês são as verdadeiras estrelas, “Incontrolável” é como um parque de diversão, onde você entra e precisa se deixar levar pelo balanço da montanha russa. O ritmo acelerado do 777 é o mesmo da montagem de Chris Lebenzon, assim como o som estridente dos helicópteros e do próprio trem. Na verdade, Scott parece bem à vontade na direção aqui. É o encontro perfeito entre o roteiro banal de um clichê cinematográficoo com o que Scott se especializou em filmar, ou seja, um furacão que combina imagens e sons procurando um sentido de urgência, regado a piadas rápidas.

Além de “Velocidade Máxima”, é evidente que Hollywood produziu outros filmes com o mesmo leitmotiv da “coisa” desgovernada que precisa ser interrompida. “Expresso para O Inferno”, do russo Andrey Konchalovskiy, é um desses. Rodado em 1985, mostra dois fugitivos (Jon Voight e Eric Roberts, ótimos) que se refugiam num trêm numa região desértica e gélida. Acontece que o maquinista sofre um ataque cardíaco e o trem segue rumo a uma catástrofe. A idéia original do enredo veio de Akira Kurosawa. Precisa dizer algo mais?

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