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Críticas

O Lobisomem

Baixio da besta peluda

Por Luiz Joaquim | 12.02.2010 (sexta-feira)

Há mais de 70 anos que o cinema flerta com a lenda do lobisomem, cuja origem remonta à mitologia grega. A maldição do homem que, em noite de lua cheia, se transforma num lobo pode até nos parecer, hoje, um tanto óbvia como metáfora de um feroz instinto bestial que habita qualquer ser-humano; mas não significa que pudesse render uma sofisticado trama psicológica.

Mas, como o que atrai Hollywood na lenda é o que há de plasticamente violento na imagem de um homem transformando-se numa besta, este “O Lobisomem” (The Wolfman, Ing./EUA, 2010), de Joe Johnston, chega apenas como mais um pacote de efeitos especiais, repleto de efeitos CGI não tão inovadores, sob sombras, muitas sombras, para disfarçar suas limitações e, sons de rachar os ouvidos para suprir a ausência que a boa imagem faz.

Efeitos por efeitos, é sempre mais divertido rever as estratégias e evoluções visuais que o cinema conseguiu desenvolver ao longo de décadas para traduzir visualmente o processo da transformação. No caso, existem duas versões que entraram para história por essa fama.

Um é “O Lobisomem” (1941), lindo trabalho em que o diretor George Waggner se apropria do estilo noir (não confundir com as sombras pobres da versão de hoje) e com Lon Chaney Jr. assustador e assustado em ver os pelos crescendo em seu rosto e mãos. O elenco ainda contava com o eterno Drácula, Mr. Bela Lugosi.

O outro é “Um Lobisomen Americano em Londres” (1981), quando John Lands fez todos os espectadores arregalarem os olhos para a sequência (às luzes claras) da primeira mutação do filme. Não havia digitalização, mas sim maquiagem extremamente competente.

O enredo do novo “Lobisomem” não trás novidades. Benício del Toro (que também produz o filme) é o ator Lawrence que vem dos EUA a Blackmoor, na Inglaterra, para o funeral do irmão morto por uma misteriosa fera que dilacera os habitantes do vilarejo. Lá encontra o pai que o renegou (Antonhy Hopkins, caricato) e a cunhada (Emily Blunt). Decido a descobrir o que matou seu irmão, acaba sendo mordido pela besta e transformando-se ele próprio nela.

É estranho ver Del Toro num papel como esse. Não obstante tenha investido o próprio dinheiro no projeto, parece atuar no automático aqui. Suas expressões de surpresa ou susto chegam a constranger. Como contraponto, temos o excelente Hugo Weaving (“Matrix”), que consegue, com poucas falas, atrair todas as atenções.

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