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Críticas

Simplesmente Complicado

Croissants, Mary Juana e as carências das cinquentonas

Por Luiz Joaquim | 26.02.2010 (sexta-feira)

Entre algumas sobras que ficam na memória após assistir “Simplesmente Complicado” (It’s Complicated, EUA, 2009) está a crença de que sua diretora, Nancy Meyers, realmente gosta da cultura francesa. Uma outra é a que Meyers, ao menos por este filme, acredita mesmo na maconha como algo potente para liberar a libido.

A sensação é reforçada principalmente depois de vermos a protagonista Jane (Meryl Streep, 59) explicar, ainda chapada, que “fun is never overrated” (diversão nunca é demais), o que soa como uma apologia. Não é à toa que o filme, nos EUA, foi classificado como ‘R’, ou ‘rated’ (significa que menores de 17 anos precisam de companhia dos pais ou responsáveis para assisti-lo). No Brasil, adolescentes a partir de 14 anos tem acesso.

Não seria estranho ver esse clichê do ‘maconha dá barato’ e de ‘a França é romântica’ num filme feito por jovens e para jovens, mas com Meyers (de “O Amor não Tira Férias” e “Alguém tem Que Ceder”) no comando, e Streep comandada, tudo soa um tanto bobo, ou pior, falso.

A própria performance de Streep deixa a desejar (sim, isso é possível!) quando vemos a atriz (59 anos) aqui no papel de Jane: uma mulher há dez anos divorciada e que, aos 53, passa a ter um caso com o ex-marido (Alec Baldwin) de 57, casado com outra bem mais jovem.

Streep aqui se parece mais com o que se espera de “Streep interpretando”, e menos com uma personagem crível. Melhor está Baldwin como um canalha quase sincero em detrimento de Steve Martin (como Adam, apaixonado por Jane), uma espécie de Sr. Certinho, quase engraçado.

Os 120 minutos de duração de “Simplesmente…” se fazem sentir bastante, considerando-se que toda a premissa da aventura sexual do ex-casal (da forma como a vemos aqui) é algo fadado ao fracasso. Assim sendo, a certa altura da projeção, o que se espera é apenas descobrir de que forma se dará o fatídico final.

O tema ‘família’ parece caro a Meyers. Sobre o assunto ‘divórcio’, em 1998, ela debutou na direção com “Operação Cupido”, em que duas meninas gêmeas (primeiro papel de Lindsay Lohan no cinema, aos 9) bolam um plano para unir os pais separados. Meyers também já discutiu a maternidade roteirizando “Presente de Grego” (1987); e a paternidade, também escrevendo “O Pai da Noiva” (1991).

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