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Festivais

14º Cine-PE (2010) – noite 1

Cartase visual no Cine-PE

Por Luiz Joaquim | 26.04.2010 (segunda-feira)

Os Bertini, Alfredo e Sandra, diretores da Bertini Produções e Eventos (BPE), empresa responsável pelo Cine-PE: Festival do Audiovisual, devem estar contentes. Ao começar hoje sua mostra oficial, nesta 14ª edição, eles sabem que oferecem um leque de longas-metragens mais atraentes que aqueles disponibilizados nas edições 2008 e 2009 do festival. As seleções anteriores geraram críticas dos especialistas, as quais não seriam interessantes considerando a reconhecida popularidade do Cine-PE no circuito dos festivais.

A programação de abertura hoje, a partir das 18h30 no Cineteatro Guararapes, Centro de Convenções, foi também feliz (e deixará feliz o público da BPE) pois, do ponto de vista da capacidade da fácil comunicabilidade e de provocar empatia, vai sequestrar a platéia rapidamente.

A começar pelo longa-metragem, em caráter hor-concours, da noite: “O Bem Amado”, novo trabalho de Guel Arraes que também é homenageado na cerimõnia de logo mais. Duas gerações de espectadores têm a curiosidade aguçada pelo que resultou essa adaptação do cineasta para a já consagrada peça de Dias Gomes.

Uma delas é aquela geração que acompanhou pela TV os cambalachos, cinismo e safadezas do prefeito Odorico Paraguaçu na pele do excelente Paulo Gracindo (1911-1995). A qualidade do produto televisivo era tão excepcional que ainda é vivo na memórias as confusões no município baiano de Sucupira promovidas pelo secretário gago Dirceu Borboleta (no cinema na pele de Matheus Nachtergaele), pelas irmãs Cajazeiras, com a delegada Donana Medrada, o jornalista Neco Pedreira e o matador José Tranquilino da Conceição, vugo Zeca Diabo. O elenco desta nova adaptação traz também José Wilker, Caio Blat, Maria Flor, Maria Flor, Andréa Beltrão, Tonico Pereira e Drica Moraes.

A outra geração curiosa é a dos admiradores da obra de Arraes, que já tinha sua marca em ótimos produtos na TV nos anos1980 (“Armação Ilimitada”) e migrou com sucesso de público ao circuito comercial do cinema – “O Auto da Compadecida” (2000) e “Lisbela e O Prisioneiro” (2003), só para citar dois. “O Bem Amado”, de Arraes, só será lançado no circuito comercial em 23 de julho.

CURTAS
Para o público recifense “O Bem Amado” divide o título de principal atração desta noite com o curta-metragem “Recife Frio”, de Kleber Mendonça Filho. Tendo estreado no 42° Festival de Brasília, em novembro último (quando levou trofeus pela direção, roteiro, do júri e do público), o título já percorreu festivais fora do país e tem chamado atenção pelo inusitado mote. Na ficção, Kleber mostra que a tropical e publicitariamente feliz capital pernambucana sofreu um fenômeno meteorológico que a deixou sob um misterioso clima, impedindo-a de ter mais que 10° graus centígrados. O fenômeno transforma a cultura local e afeta os recifenses no seu cotidiano.

É claro que o humor predomina pelo absurdo das situações, mas engana-se quem pensa que estará diante de uma comedia. Pelo refinamento, “Recife Frio” não quer falar de uma fantasia, mas chamar atenção para o Recife e sua população de hoje. Kleber fez um declaração de amor à sua cidade, lamentado como o recifense se realiciona com sua ela atualmente. De quebra, o cineasta dá espaço na tela para a beleza que a Rainha Lia Itamaracá nunca recebeu pelo audiovisual local. A sessão deverá funcionar como uma cartase hoje à noite.

Acompanhando “Recife Frio”, antes, exibe o ótimo “Bailão”, do paulista Marcelo Caetano, sobre a homossexualidade na maturidade, com suas memórias das dificuldades nos anos 1970 e 1980. Filme é seguido pelo divertido “O Filme mais Violento do Mundo”, do mineiro Gilberto Scarpa (vencedor no Cine-PE 2008 com “Os Filmes que Não Fiz”). No novo trabalho, Scarpa brinca mais uma vez com a metalinguagem. No enredo, um cineasta (Mauricio Tizumba) pena com seu produtor (André Abujanra) para produzir o novo trabalho. Na competição digital da noite estão “Tanto”, do catarinense Nataly Callai, e “Lá Traz da Serra”, do paraibano Paulo Roberto. A noite ainda terá homenagem à produtora Globo Filmes, junto a Guel Arraes, minutos antes da sessão de “O Bem Amado”.

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PROGRAMAÇÃO DE HOJE (26/5, 18h30)
Curtas digitais
Tanto (De Nataly Callai ,8′, SC)
Lá Traz da Serra (De Paulo Roberto, 8′, PB)

Curtas em 35 mm
Bailão (De Marcelo Caetano, 16′, SP)
O Filme Mais Violento do Mundo (De Gilberto Scarpa, 17′, MG)
Recife Frio (De Kleber Mendonça Filho, 20′, PE)

Homenagens
Guel Arraes e Globo Filmes

Longa Hor-concours
O Bem Amado (De Guel Arraes, RJ)

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