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Críticas

Soul Kitchen

Comida (e música) para a alma

Por Luiz Joaquim | 16.04.2010 (sexta-feira)

Autor de obras densas como “Contra a Parede” (2004), “Atravessando a Ponte: O Som de Istambul” (2005), e “Do Outro Lado” (2007), o cineasta alemão, de procedência turca, Fatih Akin, volta ao Cinema da Fundação com “Soul Kitchen” (Alem. 2009). Engana-se quem enxerga densidade apenas na trilha sonora desse seu novo trabalho.

Não foi a toa que a produção recebeu o Prêmio Especial do Júri no último festival de Veneza. Mesmo parecendo boba a história do azarado Zinos (Adam Bousdoukos), proprietário do decadente restaurante em Hamburgo que dá título ao filme, é uma história que nos envolve por completo. Daí considerar que, por trás da história boba, há uma teia de sedução cinematográfica bastante sofisticada em sua narrativa e composição de personagens.

O mais cativante deles é exatamente Zinos, cuja namorada Nadine (Pheline Roggan) muda-se para a Xangai, deixando-o saudoso e também com o fisco alemão lhe cobrando dinheiro. Com as costas lhe moendo de dor por um acidente, Zinos ainda tem de acobertar o malandro do seu irmão (Moritz Bleibtreu, de “Corra, Lola, Corra”), que forja trabalhar no restaurante para conseguir a condicional. Tentando melhorar os negócios, o jovem contrata um chef sofisticado e temperamental (o ótimo Birol Unel, parceiro de Akin em outros filmes), que só faz afastar os clientes do Soul Kitchen. Como se não bastasse, Zinos ainda precisa evitar um ex-colega interessado em comprar o espaço para demolir.

O nome do restaurante/filme não é à toa. Akin aproveita todas essas situações malucas acontecendo simultaneamente para desfilar pérolas sonoras, pouco conhecidas, cheias de soul, groove, rock e house music. A música flui junto a um tom descompromissado da história. Ela é regada por um humor que soa autêntico, mesmo parecendo absurdo. É esse controle sobre o convencimento do possível a partir do absurdo, que faz “Soul Kitchen” ser tão aceito com sorriso e um contentamento sincero por quem o assiste. Sem falar no recado da música como um carboidrato vital para a alma. Difícil é sair da sessão e evitar o desejo de ir para uma festa qualquer para continuar o filme lá.

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