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Críticas

Cartas para Julieta

Uma nova Julieta para o cinema

Por Luiz Joaquim | 11.06.2010 (sexta-feira)

Seu rostinho redondo, longo cabelo dourado e enormes olhos claros começam a ser facilmente reconhecidos por quem assiste cinema com alguma frequência. Depois de sua participação no sucesso de público “Mamma Mia!” (2008) a atriz Amanda Seyfried, 24 anos, vem marcando presença em várias produções (por enquanto só românticas), tendo já contracenado com nomes fortes do cinema mundial como Meryl Streep, Pierce Brosnan, Liam Neeson e Julianne Moore. Agora, com uma estréia discreta nos multiplex, Amanda atua em “Cartas para Julieta” (Letters to Juliet, EUA, 2010) – de Gary Winick, de “Noivas em Guerra” – não ao lado de craques, mas de lendas chamadas Franco Nero e Vanessa Redgrave e, de brinde, com Gael Garcia Bernal.

Se “Mamma Mia!” tornou-se sua carta de apresentação, ela, depois, e sobre o comando de Atom Egoyan, deixou claro em “O Preço da Traição” (2009) que pode ser mais que uma bobinha apaixonada. Mas em “Cartas…”, Amanda volta ao terreno romântico e, mais uma vez, emoldurada por um cenário de esplendor, na cidade de Verona, Itália. A mesma Verona que serviu de paisagem para o romance do Romeu e da Julieta concluído por William Shakespeare em 1595.

Lá, num muro sob um balcão de uma casa centenária, jovens apaixonadas deixam cartas pedindo conselhos amorosos para a Julieta do romance inglês. Todos os dias, um grupo de mulheres, denominadas “secretárias de Julieta”, colhem estas cartas e remetem as respostas. Eis que Sofia (Amanda), uma jornalista novaiorquina com seu desleixado noivo (Gael) em Verona, se encanta pela idéia e começa a ajudar as secretárias com o intuito de escrever uma história para a revista “The New Yorker”.

Enquanto colhe as cartas, Sofia descobre uma escrita há 50 anos por uma inglesa (Redgrave) que fugiu de uma paixão juvenil (Nero) em Verona. Dias depois de responder a carta, Sofia descobre que a inglesa estava em Verona a procura seu antigo amor. Ela veio acompanhada pelo neto Charli (Christopher Egan, de “Resident Evil”), um jovem britânico charmoso, apesar de frio e cético, que teme pela saúde da viúva avó.

Não é preciso muito para advinhar o que está por acontecer nessa história. E tudo o que é previsto acontece, mas de forma arrastada e, de certa forma, constrangedora para monstros como Redgrave, Nero e o bom Gael. Com diálogos mais que pobres, e personagens fragilmente desenhados, esse trio parece ter aceitado entrar no projeto apenas para usufruir do pedaço de paraíso que é Verona. Já Seyfried e Egan têm para si a chance de mostrar sua capacidade de sedução numa tela perante o público.

Eles se saem bem, apesar da, repito, quase infantil conversação imposta aos atores pelo roteiro de José Rivera e Tim Sulivann. Na verdade, a irritante condução das ações no início do filme só começam a perder a irritação quando a linda paisagem de Verona vira também personagem, e quando o chato inglesinho começa a mostrar seu lado gentil e bobo diante da delicadeza de Seyfried. O jovem casal não chega a dar um espetáculo de entrosamento, mas por outro lado consegue evitar que “Cartas para Julieta” encerre como um desastre.

No Sudeste, Amanda Seyfried também já foi vista em um sucesso de bilheteria nos EUA chamado “Querido John”. Hoje, já distante de seu debut cinematográfico para o mundo – “Meninas Malvadas”, 2004 – a atriz anda com a agenda cheia.

A bela vem trabalhando em três novos filmes: “Albert Nobs”, de Rodrigo Garcia, com roteiro e atuação de Glenn Close, situado na Irlanda do século 19; “Red Ridding Hood”, de Catherine Hardwicke (do ótimo “Aos 13”). Este é também um filme de época, numa cidade medieval assombrada por um lobisomem. Ao lado de Amanda (que é a protagonista) está Gary Oldman e Julie Christie; e por fim “A Woman of No Importance” (projeto ainda sem diretor definido) baseado numa peça de Oscar Wilde. Nela, Amanda é uma garota assombrada pelo passado com o retorno de um homem que a deixou quando era criança. 2011 promete a boa sensação de rever seu rosto delicado numa tela gigante.

PS – “Cartas para Julieta” é, no final das contas, bobinho, mas oferece uma sequência linda em que Vanessa Redgrave aproxima-se por trás de Amanda Seyfried, sentada e chorosa. Aquela senhora elegante pega os cabelos da menina e começa a escová-los, dizendo: “Um dos maiores prazeres que se tem na vida é poder ter os cabelos escovados”. Só isso. E Amanda se aninha. Agora digam, como se faz pra entender essa verdade tão feminina?

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