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Festivais

3º Fest Paulínia (2010) – noite 5

Noite de desequilíbrios em Paulínia

Por Luiz Joaquim | 20.07.2010 (terça-feira)

PAULÍNIA (SP) – Noite difícil, a quinta (segunda-feira) neste 3º Festival Paulínia de Cinema. Na verdade, a primeira parte da programação competitiva foi agradável, quando exibiu o curta-metragem regional “Um Lugar Comum”, de Jonas Brandão (projetado no 2º Animage, no Recife), e o documentário “Um Noite em 67”, de Renato Terra e Ricardo Calil (comentado pelo CinemaEscrito mês passado por ocasião da cobertura do 5º CineOP – leia no link abaixo). Este último, inclusive, tem estreia marcada no Recife dia próximo dia 30, no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.

A programação naquela noite, aqui em Paulínia, começou a fazer o espectador se contorcer nas poltronas confortáveis do portentoso Theatro Municipal de Paulínia quando deu-se partida a sua segunda parte com o curta-metragem “1:21”, de Adriana Câmara, e o longa de ficção “Dores e Amores”, co-produção luso-brasileira, dirigida por Ricardo Pinto e Silva, do curioso “Querido Estranho”, 2002, com Daniel Filho.

Adriana, filha do artista plástico João Câmara, nos informou na coletiva de ontem pela manhã, que mudou-se para o Rio de Janeiro em 2003 para estudar teatro e acabou também se interessando por cinema. Após trabalhar com publicidade e colaborar em produções de cinema – como o longa “Desenrola”, que exibiu aqui um dia antes -, a realizadora voltou a morar no Recife no final de 2009.

“1:21” foi exibido em digital e, adianta sua sinopse, “é inteiramente captado em fotos still”. Para quem acompanha o cinema pernambucano nos últimos anos, a menção desta técnica remete imediatamente a um sucesso chamado “Vinil Verde” (2004), de Kleber Mendonça Filho. Vendo “1:21”, que poderia se chamar “Vinil Preto”, tem-se a sensação que o curta de 2004 foi mais que uma inspiração, como disse Adriana mediante nossa pergunta em entrevista.

Isso porque “1:21”, numa sequência de fotografias (manipuladas digitalmente, diferentemente de “Vinil Verde”) conta a história de uma mulher (a pernambucana Anamaria Sobral) que acorda à 1h21 e descobre o marido morto ao seu lado. Caminhando pela sala, tropeça numa faca ensangüentada, liga uma vitrolinha e põe um vinil compacto preto com o bolero “Por Ti”, de Eva Maria. É num flashback colorido, então, que ela entende quem foi a responsável pela morte do marido. Não há muito o que dizer a respeito. Os aplausos mornos que recebeu em Paulínia traduzem melhor.

No longa “Dores e Amores”, a boa atriz paulista de musicais no teatro, Kiara Sasso leva o filme, contracenando com atores portugueses e os brasileiros Márcio Kieling, Carlos Casagrande e Kayky Brito (interpretando outro cafajeste, como em “Desenrola”). Kiara é Júlia, solteirona que gosta de telenovela medíocre e não entende porque homens são galinhas. Ao seu redor, nenhum deles presta, inclusive Jonas (Kieling) por quem ela nutre carinho pelo seu charme cafajeste.

Como numa onomatopéia visual, a comédia mistura situações da telenovela fictícia com a vida de Júlia, mas sem uma função narrativa clara. Há também uma cansativa poluição informativa com texto sobre a imagem apresentando os personagens que o empurra ainda mais para baixo. Percebe-se que os atores se esforçam, mas é difícil administrar em performances os diálogos tão pobres. Que ao menos sirva para alavancar a carreira de Kiara Sasso para o cinema. Uma bela presença na tela grande, com seus igualmente grandes olhos azuis.

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