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Críticas

À Prova de Morte

Finalmente

Por Luiz Joaquim | 16.07.2010 (sexta-feira)

Por circunstâncias malucas que só o mercado de distribuição no Brasil proporciona, entra em cartaz hoje “À Prova de Morte” (Death Proof, EUA), filme rodado por Quentin Tarantino em 2007, antes de “Bastardos Inglórios” (2009). Exibido no Festival do Rio, em setembro de 2007, e junto ao bobo “Planeta Terror” (este dirigido por Robert Rodrigues, “À Prova de Morte” completa o projeto Grindhouse. Pelo projeto, inventado pelo gênio de Tarantino, era fazer nos dias de hoje, um filme com aparência estética de 30, 35 anos atrás. E ele conseguiu. Nos dá uma obra-prima contemporânea. Instantânea até. “À Prova de Morte” é um clássico desde já.

Há um certo exagero na bossa (se não houvesse, não seria Tarantino) que pode desagradar alguns. E isso se vê logo na abertura do filme, com a animação do felino caminhando pela floresta. Mas, qualquer possível antipatia que possa surgir por essa postura vai, posteriormente, desanuviando graças ao inegável domínio do cineasta em controlar o timing de sedução que um filme faz crescer nos espectadores através de personagens críveis e envolventes (uma marca tarantinesca).

No caso aqui temos dois grupos de garotas (dublês, atrizes, DJs, cabeleireira, etc…) e um dublê de Hollywood, Mike (Kurt Russel), que se mostra um psicopata no melhor estilo dos diversos filmes do gênero dos anos 1970. Mas há o humor de Tarantino, que não fica apenas nos diálogos rápidos entre as “gostosas” do filme (não há outra palavra para melhor defini-las, e é assim que elas próprias se definem no filme). Tarantino dá aqui a mesma qualidade de diálogos dentro de um carro em movimento como deu para Travolta e Jackson em “Pulp Fiction”. A diferença é que o papo agora é “de menina”. Mocinhas na platéia irão adorar.

O humor transparece também nos truques de montagem, com sopapos na edição sugerindo uma idade rodada que o filme não tem. Cortes brutos, repetições, como se tivesse sido montando numa moviola velha, feito a machado. Sem falar na saída da cor para o P&B sem nenhum aviso prévio ou sentido estético, apenas por onda, sugerindo aqui uma produção de baixo custo, a certa altura sem dinheiro para o negativo colorido.

Não passa de uma grande ilusão sugerida, pois quando “À Prova de Morte” mostra seu primeiro acidente de carro temos um espetáculo tenebroso e inacreditável daqueles que só um ótimo cinema pode proporcionar. Como se não bastasse, o lançador de modas Tarantino nos brinda com outra dança (a dança do colo) que só não será tão imitada nas festinhas “mudernas” quanto foi a de Uma Thurman em “Pulp Fiction” porque poucas mulheres tem o talento e a coragem que Arlene (Vanessa Ferlitto) mostra aqui.

PS – ainda sobre dança e música: o DJ Quentin Tarantino volta a atacar. Porque é óbvio que em breve as festinhas “mudernas” começarão a tocar as canções que embalam “À Prova de Morte”, como as que embalaram “Pulp Fiction” e “Kill Bill”.

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