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Críticas

Antes que o Mundo Acabe

As primeiras crises do mundo

Por Luiz Joaquim | 08.10.2010 (sexta-feira)

Dentre a recente produção brasileira de filmes que olha com interesse e curiosidade para o universo adolescente, como “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laiz Bodansky, e “Desenrola” (inédito no circuito comercial), de Rosane Svartman, chega amanhã ao público recifense (às 16h no Cine São Luiz) sem dúvida o melhor destes exemplares. Vem do Rio Grande do Sul e chama-se “Antes que O Mundo Acabe” (2010), estréia na direção de um longa-metragem da experiente realizadora Ana Luiza Azevedo.

O filme, que exibe como parte da programação do 8º Festival Internacional de Cinema Infantil, foi roteirizado por Azevedo com seus colegas da produtora Casa de Cinema, Jorge Furtado, Paulo Halm, Giba Assis Brasil, e estreou em Paulínia 2009, onde levou alguns prêmios, entre eles o da crítica.

Prêmio merecido pois trata com esmero e inteligência os dramas da adoslescência a partir de Daniel (Pedro Tergolina) , vivendo numa cidadezinha de 15 mil habitantes, que perdeu a namorada (Caroline Guedes), tem o melhor amigo (Eduardo Cardoso) acusado de ladrão por sua causa e ainda precisa administrar a reaproximação de seu ausente pai biológico. Permeando esse enredo, Azevedo comenta, na verdade, a administração pelo inexperiente Daniel de suas primeiras frustações, desapontamentos e decepções. São discretos comentários cinematográficos, o que deixa “Antes que O Mundo Acabe” prazeroso de acompanhar.

Assim como “Houve uma Vez dois Verões” (2002), de Furtado, o filme de Azevedo vale pela autenticidade destes conflitos. Consegue fazer o espectador sofrer junto com protagonista, e dá consistências aos personagens satélites, criando um universo crível e envolvente. Azevedo ainda consegue unir o antigo e o atual, quando, no pequeno mundo do protagonista, na sequência do fusca (que remete a um clássico gaúcho, “Verdes Anos” (1984), de Giba Assis e Carlos Gerbase), e quando põe Guedes para cantar ao violão “Beat Acelerado”, da banda oitentonta Metrô. Lindo e simples.

Apenas um vício humorítico borra a organicidade do roteiro. Trata-se da confusão de sujeitos numa conversa, dando margem a mal-entendidos entre seus interlocutores, bem comum aos roteiros de João Falcão e cia. Por exemplo, quando Daniel conversa com a mãe e ela fala da ex-namorada dele, lhe pergunta: “Como ela está?”, e Daniel, “o que? A bicicleta?”. Isso porque o assunto anterior era a bicicleta e não a ex-namorada. Estas brincadeiras no roteiro só fazem salientar que ali está um roteiro pré-pensado pra fazer graça.

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