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Críticas

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

As piadas embolotadas de Jack Sparrow

Por Luiz Joaquim | 20.05.2011 (sexta-feira)

Que análise, fora da mercadológica, pode-se fazer a respeito de um brinquedo de 200 milhões de dólares cujo objetivo número 1 é triplicar seu investimento? Algum dia no futuro, talvez, haja o que falar do ponto de vista cinematográfico, mas provavelmente só mesmo um distanciamento temporal possa conseguir impregnar uma importância em “Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas 3D” (Pirates of Caribbean: On Stranger Tides, EUA, 2011) – o quarto da franquia – para além do fato dele ser apenas um bando de imagens e sons entrelaçados para acompanhar um saco de pipoca.

Aquele elemento comum entre os seres humanos, chamado “sentimento”, é normalmente esperado de ser reconhecido nos personagens de um filme quando um espectador entra numa sala de cinema. Mas, na roda gigante “Piratas 4”, movimentada pelo motor empresarial chamado Jerry Bruckheimer, o corsário Jack Sparrow, de Johnny Depp, e todos os seus parceiros de cena – seja o velho inimigo Barbossa (Geoffrey Rush), seja a novata na trama Penelope Cruz, como a capitã Angelica (um antigo affair de Sparrow) -, todos eles soam como bonequinhos animados.

Entendendo previamente a fraqueza do apelo romântico entre seus protagonistas, o roteiro de Ted Elliott e Terry Rossio, sob direção de Rob Marshall, trataram de atualizar (sic) neste quarto episódio uma história de amor paralela no segundo escalão do elenco. Aparece exatamente nas figura de um padre com cara de modelo da Calvin Klein, o Pastor Philip (Sam Clafin, estreando no cinema) com a sereia Syrena (Astrid Berges-Frisbey).

Antes inimigos, num embate para conseguir um das lágrimas da sereia para chegar à fonte de juventude, a paixão entre o fiel e a besta subaquática é mais uma variação da moda juvenil lançada por “Crepúsculo”, pelo qual a emoção do romance só vale se vier banhando pelo aspecto da improbabilidade, como os casais vampiro-mulher, lobisomem-mulher (“A Garota da Capa Vermelha”), e agora o sereia-homem. Qual será o próximo casal impossível de Hollywood?

Não importa. Importa que Jack Sparrow está de volta com seu delineador preto nos olhos, suas caretas, sua peruca de dreadlocks e sua corridinha afetada com os bracinhos levantados. Mas, aparentemente, Depp não parece mais confortável dentro dessa roupa e sob essa peruca. Mais uma vez: a performance de todos ali parece automática, como bonecos mesmo, em função de uma aventura que parece não ter nenhuma importância a ponto de ficar difícil perceber qual o grande momento deste enredo que corre todo monocórdico.

A saber: Sparrow fica emotivamente balançado ao se reencontrar com Angelica, mas também fica na defensiva por achar que a espanhola quer apenas usá-lo para encontrar a mítica fonte da juventude. O esforço da moça em encontrar a fonte é para salvar a vida do pai, o pirata Barba Negra (Ian McShane) que, segundo uma maldição, não terá muito tempo de vida, quando será morto pelo perna de pau Barbossa. Uma vez preso no navio ‘A Vingança da Rainha Ana’, do Barba Negra, Sparrow conhece o pastor Calvin Klein que o ajudará em sua aventura. E quanto aos efeitos 3D de “Piratas 4”, é mais um piada sem graça nessa roda gigante.

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