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Festivais

35a Mostra SP (2011) – Frances Kazan

Viúva de Elia Kazan debate em SP

Por Luiz Joaquim | 27.10.2011 (quinta-feira)

SAO PAULO (SP) – Entre os convidados estrangeiros desta 35a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, uma senhora chamava a atenção. Era Frances Kazan, viúva que foi casada com o cineasta Elia Kazan entre 1982 e 2003, ano de seu falecimento. Frances veio a São Paulo e, na segunda-feira, palestrou no auditório da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) sobre a obra e interesses artísticos do mestre americano.

Sobre os dois últimos filmes do diretor, “Os Visitantes” (1972) e “O Último Magnata” (1976), Frances lembrou que Kazan não ficou satisfeito com o resultado. Com exceção da interpretação de DeNiro no último, Kazan não gostava dos filmes e reclamava da pressão que sofreu dos produtores.

Já sobre “Rio Violento”, previamente exibido para aquela platéia, Frances disse ser ele o filme favorito de Elia, alem de “Terra de Um Sonho Distante” (1963). Segunda a viúva, o filme “tocava num ponto até então nunca debatido no cinema e que para ele era importante: o meio-ambiente. O fim de uma comunidade em função do progresso”.

“No filme, seu personagem favorito era a senhora que resistia em deixar sua casa na região que seria inundada para dar lugar a uma represa. Elia tinha especial interesse em mulheres idosas, assim como nas senhoras que marcaram sua vida quando saíram com ele da Turquia ainda aos cinco anos de idade”, explicou Frances.

Era esse mesmo interesse social que o atraia para “Um Rosto na Multidão” (1957), mas através do impacto da televisão na política. Kazan era também bastante atento às questões raciais no Sul dos Estados Unidos. Mas, sobre a acusação de que ele teria relações com o macarthismo e o comitê de atividades antiamericanas, Frances lembrou que esse era um assunto presente em sua autobiografia, mas que o casal não falava muito a respeito.

De Kazan, a 35a Mostra de SP também faz um retrospectiva de seus filmes, e com cópias restauradas e preservadas de “Um Rosto na Multidão” (1957) e do clássico “Rio Violento” (1960), alem de mostrar o doc “Uma Carta para Elia” (2010), homenagem de Martin Scorsese a seu mestre.

*Viagem a convite da Mostra
** Com informações da assessoria de imprensa da Mostra

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