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Reportagens

Um Dia de Veraneio (filmagens)

De volta ao passado a bordo de uma veraneio

Por Luiz Joaquim | 11.10.2011 (terça-feira)

Entre os dias 22 e 24 de outubro, a Zona Rural de Gravatá – mais precisamente o distrito de São Severino – vai virar um set de filmagens. É quando a produtora Página 21 chega ao local para tocar a segunda fase do curta-metragem de ficção “Um Dia de Veraneio”. É a primeira experiência com uma dramaturgia roteirizada e dirigida do fotógrafo Henrique Paiva, já conhecido pelo documentário “Azulão” e o filme de um minuto “Metamorfose”, premiado no Festival Guarnicê de Cinema, no Maranhão. Ainda no meio do audiovisual, o realizador já conta também com 20 anos de experiência, particularmente como diretor de fotografia em publicidade.

A expressão”veraneio” no título do filme está relacionada mais diretamente ao clássico automóvel usado pela polícia militar no passado e que virou um símbolo do medo, considerando a repressão e tortura oficial no regime da ditadura. No filme, o carro funciona como um símbolo de ligação entre passado e presente, uma vez que o mesmo veículo hoje é muito utilizado como transporte coletivo no Interior nordestino.

“A ênfase da história está na família”, adianta Henrique. “Muitas perderam seus filhos no período da ditadura, nos anos 1970, e a veraneio tinha uma ligação intrínseca com isso. Hoje, mostramos um pai levando seu filho para uma feira popular no mesmo carro”, destaca o diretor, fazendo menção a uma das sequências a ser produzida em Gravatá.

A ideia para “Um Dia de Verâneio” chegou a Henrique pela conversa com um amigo, que sempre incorporava uma autoridade militar de forma jocosa. “Eu não tinha, particularmente, uma história pessoal ou familiar ligada a um trauma com a ditadura”, explica o cineasta de 49 anos, “mas sempre fui um interessado em automóveis e lembro que ali pelos meus 12 anos de idade, eu já sabia que a chegada de uma veraneio dava medo, pois representava algo não muito bom para a redondeza”, recorda.

O assistente de direção Rafael Coelho, lembra que as primeiras imagens captadas há cerca de dois meses registraram o período do passado, com o sequestro de jovens ativistas políticos. “Tivemos cenas gravadas também num velho apartamento no centro do Recife, usado como cenário insinuando um ‘aparelho’ destes ativistas”, lembra. Ainda na primeira fase, também foram gravadas sequências no Engenho Monjope, em Igarassu, para as situações de tortura.

“A lacuna de dois meses se deu porque tivemos problemas com o tempo. Choveu muito em julho, agosto. Mesmo fazendo tomadas internas, sofremos com a pouca luz. Nesse segundo momento, a maior parte da gravações será em lugares abertos”, adianta Rafael, cuja equipe vem trabalhado com uma câmera digital Panasonic F100. “Estamos tomando todos os cuidados com a fotografia e som, considerando que o plano é fazer o transfer do resultado final para a película”, revela o assistente de direção.

O aporte para este último processo ainda precisa ser conquistado. O projeto “Um Dia de Veraneio” foi aprovado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), sendo a produção da Página 21, com o apoio da Prefeitura de Gravatá, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Governo do Estado, da 485 produções, e ainda da Post Toast, produtora finlandesa que fará a colorimetria (o balanço do branco) das imagens. A expectativa é que o curta seja finalizado até o segundo semestre de 2012.

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