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7o. Fliporto (2011)

Socialismo versos capitalismo

Por Luiz Joaquim | 16.11.2011 (quarta-feira)

Foi na manhã de anteontem (segunda-feira, 14), certamente, que ocorreu um dos mais quentes painéis de debate na 7a. Feira Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), evento que encerrou ontem (15/11) na Praça do Carmo, em Olinda.

E não podia ser diferente considerando os convidados Fernando Morais, Leandro Narloch e Samarone Lima ali juntos para desenvolver o tema “América Latina: além do bem e do mal”.

Com um assunto e personagens assim, a conversa naturalmente seguiu mais um caminho político e menos literário. O que não foi um problema pois a primeira reação das cerca de 500 pessoas na platéia vieram por um gesto não-verbal. Uma vez sentado, o primeiro movimento de Morais foi para colocar um boné do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e a platéia reagiu com aplausos calorosos.

Morais chegava com sua experiência de autor de já clássicos livros-reportagem (incluindo sobre Cuba, “A Ilha”, 1976), e também vinha embalado pelo recém-lançamento de “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”. Obra inspirada na prisão de agentes da inteligência cubana por agentes do FBI em 1998.

O jornalista, Narloch, veio pela fama dos best-sellers “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (2009) e “Guia Politicamente Incorreto da América Latina” (2011), ambos relativizando a politica de forma apimentada e por meio de ampla pesquisa.

Quando o jornalista mediador Vandeck Santiago, perguntou se, do ponto de vista do jornalismo, publicar uma informação a partir das “más linguas” que o presidente Perón (1895-1974) gostava de passar tardes inteiras conversando com adolescentes seria digna de crédito, Narlock respondeu que ele não entrava no mérito de pedofilia. “Não se trata disso, mas pesquisas mostravam que duas casas de estudantes foram construídas no governo de Perón e, para animar o presidente, a das meninas erguida perto da sua residência”.

Para outra pergunta, sobre o êxito dos cubanos nas olimpídias, Narlock lembrou que é tradição em países totalitaristas o sucesso nos esportes, mas destacou a fuga de um desportista de Fidel quando sua equipe jogava no Brasil. “Não concordo quando se impõe um ideal de felicidade a uma sociedade. Como diz o título desse debate, temos de pensar numa política para a América Latica boa para todos. Pobres e ricos”, concluiu Narlock, para ouvir a resposta imediata de Morais.

“Numa entrevista sua, você fala que seu próximo livro, ‘Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo’, vai mostrar que o capitalismo foi a melhor coisa que aconteceu na história para os pobres. Tome um táxi e percorra 30 quilômetros de sua casa em São Paulo, para qualquer direção, e veja o que o capitalismo fez. Experimente também perguntar a uma mãe que enterrou o filho de cinco anos morto por desnutrição se ela prefere felicidade ou comida. Não defendo um partido único, mas sei que se não fossem medidas duras, Cuba não teria conseguido suas vitórias”.

Samarone deixou claro que seu livro, “Viagem ao Crepúsculo”, surgiu de uma visita a Cuba derivada de uma pesquisa para um outro projeto. “Fui lá investigar um personagem relacionado ao atentado em 1966 no Aeroporto Guararapes. Lá conversei com 85 pessoas e surgiu o “Viagem…”, pautado pelo cotidiano dos Cubanos. Quando voltei em janeiro de 2008, Fidel renunciou e os relatos que tinha comigo eram muito significativos de uma era”, explicou.

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