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Reportagens

Gonzaga: De Pai para Filho

Um filme para um rei

Por Luiz Joaquim | 13.12.2011 (terça-feira)

Quase ninguém consegue dimensionar o tamanho do envolvimento de um cineasta e sua equipe na produção de um filme a partir de, apenas, assistir a obra numa sessão de cinema. Com data marcada para estrear em outubro de 2012, durante as celebrações do centenário de Luiz Gonzaga (1912-1989), as filmagens do longa-metragem “Gonzaga: De Pai para Filho”, de Breno Silveira, tiveram início na noite de domingo passado, no Marco Zero do Recife, onde, com apoio da Prefeitura do Recife, aconteceu um show com Nando Cordel, Jozildo Sá e Santana e o sanfoneiro Nivaldo Expedito de Carvalho, 31 anos, conhecido como “Chambinho do Acordeon”. A propósito, hoje é aniversário de Luiz Gonzaga, nascido há exatos 99 anos.

A estrutura do palco foi montada em função de Chambinho, que tocou caracterizado como Gonzagão. Ele tem a difícil tarefa de interpretar o Rei do Baião entre seus 30 e 50 anos, período em que a carreira do músico deslanchou. “Quis começar aproveitando essa estrutura do palco, de forma que ele pudesse virar e tivéssemos como fundo os prédio antigos do Marco Zero, uma vez que o período em que estamos situados na cena é entre 1940 e 1950. É um felicidade que os prédios estejam restaurados”, celebrou Silveira, cujo talento foi reconhecido em “2 Filhos de Francisco” (2005), agradando a crítica e sendo, por muito tempo, o detentor da maior bilheteria no período da Retomada.

“Fizemos uma seleção para encontrar o ator para Gonzagão, mas eu queria fazer aqui um pouco o que fiz em ‘2 Filhos de Francisco’. Queria um músico que interpretasse, ao invés de um ator que tocasse. Acho que o músico tem uma verdade em sua área que é difícil o ator alcançar. E Chambinho também saiu do interior, ganhou a sanfona do avô, tem uma história parecida com a de Gonzaga e é simpático como era o próprio. Esse ambiente real ajuda no resultado”, explica.

Para chegar na caracterização, Chambinho passou por um laboratório que continuou até a semana passada. “A sequência do show no Recife é muito importante não só por ser a primeira de todas, mas por marcar a primeira perspectiva de Gonzaguinha, no caso um desconhecido menino de seis anos, que olha para o pai, atrás de uma cortina”, diz Silveira, que não esconde o entusiasmo com a caracterização do ator gaúcho Júlio Andrade (de “Cão sem Dono”) como Gonzaguinha adulto. “Fica difícil dizer quem é quem quando comparamos as fotos do Júlio com a do verdadeiro Gonzaguinha”.

O projeto do filme anda com Silveira há seis anos (veja reportagem no link azul abaixo), período em que vem elaborando o roteiro. “Gonzagão é realmente grande. Só podia tomar tanto tempo para ser elaborado”. O realizador revela que depois de Zezé de Camargo e Luciano tinha desistido de fazer cinebiografias mas após receber algumas fitas cassetes da turnê “Vida de Viajante” (1981), com conversas entre Gonzaga pai e filho, quando este último queria respostas sobre sua origem, o diretor mudou de ideia. “Essa história foi a única que realmente me parecer ter um autentico drama pessoal. Envolve uma carreira de sucesso, mas também uma história delicada de um pai que deixa um filho para ser criado na favela de São Carlos (RJ)”, adianta.

Silveira parece não ter dúvidas que este é seu maior projeto. “É um épico. Gonzagão rodou o Brasil inteiro. Então temos de remodelar locações no Rio de Janeiro, por exemplo, onde vamos tirar ar-condicionado das fachadas dos prédios para situar o Rio Antigo, e ainda vamos rodar em São Paulo e em Minas”. Dia 15 de janeiro próximo, Breno e sua equipe voltam a Pernambuco, na redondeza da Serra do Araripe, próximo a Exu, para filmar a infância de Gonzagão.

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