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Festivais

23o. Fest Curtas SP (2012) – noite 1

Pluralidade em poucos minutos

Por Luiz Joaquim | 25.08.2012 (sábado)

SAO PAULO (SP) – Entre os discursos de todos os patrocinadores do 23o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo em sua cerimônia de abertura na noite de quinta-feira no Sesc Vila Mariana, o de Carlos Augusto Calil, secretário de cultura da cidade de São Paulo, foi o mais contundente.

Calil começou chamando a atenção para o fato de que, lá na primeira e modesta edição do evento, ninguém imaginaria que o festival, 23 anos depois, reuniria a chancela dos mais importantes apoiadores de cultura do pais, como o Ministério da Cultura (MinC), a Petrobrás, o Sesc, e as secretarias de cultura do estado e do município de São Paulo.

Lembrou ainda que a promoção de cultura no Brasil é algo tão frágil que um sopro pode derrubar tudo e que temia pelo futuro de uma história construída com tanta esforço pela diretora do festival, Zita Carvalhosa.

Apesar de alguns terem enxergado ali uma perfeita retórica para chamar a atenção às próximas eleições municipais, Calil estava correto, e foi complementado pelo representante do MinC quando lembrou que o curta-metragem já não é para ser visto como um porta de entrada do realizador para o longa-metragem, e sim como um expressão particular, com suas peculiaridades próprias e código lingüístico específico.

Era uma fala que traduzia bem a sessão “aperitiva”, com seis filmes, que o festival projetou na abertura. Abriu com a Palma de Ouro em Cannes, o turco “Silêncio”, de L. Rezan Yesilbas, sobre a beleza de uma troca de carinho entre uma mulher que visita seu marido numa prisão turca.

Na sequência, o austríaco “Apneia”, de Harald Hund, mostrou como uma ideia simples pode render um ótimo filme ao mostrar o absurdo do cotidiano de uma família que vive embaixo d`água. Ali, qualquer ação, mesmo pentear o cabelo, torna-se engraçada.

O tom tornou-se lúgubre com a animação em stop-motion do México, “La Noria”, de Karla Castañeda, sobre o funeral de um bebê e a paralisação do tempo pelo sofrimento de seu pai. Séria também eram as belas imagens da impactante animação digital romena, “Viraremos Petróleo”, de Mihai Grecu, com seu balé de helicópteros num cenário assustador e numa paisagem estéril.

A graça voltou com o americano “Cupido”, de John Dion, no qual um cupido gordinho e alcoólotra quer deixar até a Terra por conta da frustração em seu ofício. “Eu ofereci amor e eles criaram a orgia romana”, reclama para seu amigo humano de 8 anos de idade. A atmosfera piadística fechou o bloco como “Deus”, de André Miranda, do Distrito Federal, cujo Criador é representando por um jovem negro, barrigudo, fumante e de boca suja que se esquiva de um falecido sujeito fantasiado de galinha, para o qual a vida não teve sentido.

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