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Festivais

45o. Brasília (2012) – noite 7

Mascaro revela novas belezas em Brasília

Por Luiz Joaquim | 25.09.2012 (terça-feira)

BRASILIA (DF) – Na última noite competitiva do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, no domingo, a mostra apresentou ao País mais uma produção pernambucana (a sexta inédita). Foi o curta-metragem “A Onda Traz, O Vento Leva”, de Gabriel Mascaro. Já exibido no exterior, o filme foi a primeira cria da produtora Desvia, de Mascaro (ex-Símio Filmes) com sua companheira Rachel Ellis.

Assim como em seu longa-metragem “Avenida Brasília Formosa” (2010), Mascaro mais uma vez promove a dramatização de personagens vivendo suas próprias vidas em seu habitat natural, seja em casa, no trabalho ou no mundo. As belezas são muitas em “A Onda Traz…” a começar pela fotografia feita próprio diretor, e que continua na temática abordada pelo universo do protagonista Rodrigo (nome fictício). Ele é surdo e trabalho numa montadora de som para automóveis.

Rodrigo é desquitado e faz as vezes de pai e mãe de uma filha pequena, enquanto procura se divertir com os amigos e cuidar da saúde. Mascaro, mais uma vez, acerca na composição de um universo muito particular, se apropriando do cinema para desconstruir preconceitos e revelar a beleza nas relações humanas. É um filme redondo, prazeroso de ver e que deve ser reverberado.

Na mesma noite, o documentário em longa-metragem “Elena”, de Petra Costa, trouxe um tema pesado referendado por uma estética competente em significar o assunto. O filme é uma busca da diretora pela irmã (cujo nome dá título ao doc.); irmã que é cerca de dez anos mais velha que a diretora. Ainda adolescente, Elena vai a Nova Iorque com o sonho de se tornar atriz de cinema, e desenvolve uma depressão aguda. Os desdobramentos são fatais e Petra parece interessada menos nas causas e mais nos efeitos de tudo isso. É portanto um filme muito mais sobre a própria diretora e sua mãe, que sobre Elena.
De composição plástica arrebatadora, uma sequência em específico ficará na memória. A de corpos boiando, assim como uma outra igual em “Era Uma Vez, Eu Verônica”, de Marcelo Gomes, só que muito mais impactante e eloquente em “Elena”.

A ficção da noite foi “Esse Amor que Nos Consome”, o primeiro longa do carioca Allan Ribeiro, conhecido pelo ótimo curta “Ensaio de Cinema”. Em “Esse Amor…”, Allan trabalha com o mesmo casal, Gatto Larsen e Rubens Barbot, que protagonizaram o curta anterior. Juntos a mais de 40 anos, a dupla, no novo filme, se instala num casarão, que está posto à venda, para ensaiar uma peça de sua companhia de dança. Discreto e elegante, o “Esse Amor…” soa como um trabalho bastante fiel em retratar as agruras para se fazer cultura, em particular no campo das artes cênicas no Brasil.

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