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Críticas

Argo

O cinema que salva vidas

Por Luiz Joaquim | 09.11.2012 (sexta-feira)

Ben Affleck acertou. Depois de atuar em uma penca de filmes açucarados e dirigir os longas “Medo da Verdade” (2007) e “Atração Perigosa” (2010), chega agora com “Argo” (EUA, 2012) estreando no Brasil hoje. Com cheiro de Oscarizado em 2013 – forte concorrento, no mínimo, na categoria direção de arte – “Argo” já nasceu vitorioso quando exibiu no Festival de Toronto (Canadá) e levou o 2º lugar no Prêmio do Público.

De fato, é um filme que dialoga facilmente com o espectador médio. Vai direto ao assunto, numa montagem precisa para incrementar uma assunto sério, real, que teve parte na história da política internacional entre 1979 e 1981. Com seu ritmo bem azeitado, “Argo” oferece tensão constante do primeiro ao últimos de seus 120 minutos de duração, seguindo um bom fluxo narrativo.

Estes primeiros minutos situam o espectador na revolução iraniana quando, em novembro de 1979, uma multidão enfurecida invadiu a Embaixda americana no Teerã. Eles queriam que os EUA devolvessem o Xá Mohammad Reza Pahlevi, onde estava exilado, para ser julgado em sua terra pelos crimes hediondos que cometeu.

Com extrema violência, e “Argo” encena a situação muito bem, os iranianos tomam 52 americanos da Embaixada como reféns, enquanto outros seis conseguem fugir e abrigam-se na casa do Embaixador canadense Ken Taylor (Victor Garber). Na América, a CIA está aflita pois sabe que se encontrados, os seis serão enforcados. Chamam então Tony Mendez (Affleck), um especialista em “exfiltração” para ajudar a pensar como tirá-los do Teerã sem serem vistos.

É quando Mendez tem o improvável (e por isso bom) plano em criar a sigilosa mentira, em parceira com Hollywood, de que irá produzir um filme de ficção científica e precisa visitar o Irã em busca de locações.

A violência física do início do filme torna-se então em violência psicológica. Desde a entrada de Mendez no Irã até convencer os seis burocratas da embaixada dos EUA a se passarem por cineastas, em todos os detalhes enfim, “Argo” prende a atenção do espectador de maneira bastante objetiva e envolvente.

Dois pontos interessantes aqui: Mendez foi uma herói silencioso em toda essa história, que só pôde vir à público no governo do presidente Bill Clinton. Fotografias e imagens em movimento do ataque a embaixada na época (mostradas nos créditos finais) ajudaram na boa reconstituição feita pelo filme.

Em seu trabalho aqui como diretor, produtor e ator, Affleck quica todos os ítens do dever de casa bem feito e deixa sua platéia excitada. Faltou apenas uma perspectiva do “inimigo” iraniano para aquele episódio – a qual não tinha obrigação de incluir em seu “Argo”. Mas que engrandeceria o filme, engradeceria.

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