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Críticas

Um Corpo que Cai

O melhor filme de todos os tempos

Por Luiz Joaquim | 11.01.2014 (sábado)

O Cinema da Fundação Joaquim Nabuco oferece um presente para quem deseja (re)encontrar uma obra-prima absoluta do cinema. De hoje a quinta-feira (veja horários no “Guia Folha”), a sala do Derby exibe “Um Corpo que Cai” (Vertigo, EUA, 1958), de Alfred Hitchcock. A projeção que será vista em formato digital DCP, teve como matriz a versão restaurada que foi exibida no último festival de Cannes.

Outra notícia recente referente a “Um Corpo que Cai” concerce à prestigiosa e especializada “Sight and Sound”. Tal revista britânica promove a cada década uma pesquisa com 846 críticos, programadores, pesquisadores e distribuidores do mundo inteiro sobre os melhores filmes já feitos na história. No topo da lista, desde 1962, estava “Cidadão Kane” (1941), de Orson Welles, que reinava sozinho. Mas “Vertigo” o destronou na última votação, como anuncia a publicação do British Film Institute.

Entretanto, nem sempre o filme foi assim celebrado. Quando surgiu em maio de 1958, “Vertigo” foi visto como uma decepção para a maioria dos críticos e também público, que acharam o filme muito lento. Do ponto vista da indústria, “Um Corpo que Cai” só concorreu a dois Oscars (som e direção de arte), mas não levou nenhum. O próprio Hitch, que só media o valor de seu trabalho pelos elogios que levantava, não se deu bola e simplesmente seguiu em frente para o próximo projeto na expectativa de alcançar uma performance melhor.

Anos depois, a obra que conta a história do detetive (James Stewart) de San Francisco que se aposentou por sofrer de vertigem, mas aceita um último caso – investigar o comportamento estranho da esposa (Kim Novak) de um colega de faculdade -, é a mais estudada e discutida produção do mestre do suspense.

De modo quase perverso, considerando o pavor por autura do protagonista, Hitchcock adaptou a história do romance francês “D entre Les Morts”, de Pierre Boileau e Thomas Narcejac, mudando o cenário de Paris para São Francisco; à época, uma das cidades mais verticais dos EUA.

A maestria, entre tantas de “Vertigo” embalado pela música hipnótica de Bernard Herrmann, está no fato dele funcionar em diversos níveis. Enquanto o público, em 1958, se preocupava com aspectos do mistério em torno do assassinato, Hitchcock dava atenção a outras sutilezas. O próprio diretor chamava de “MacGuffin” o estímulo – fosse ele o que fosse – que definiria a dinâmica da narrativa e movimentava seus personagens, mas não tinha a menor importância para o público.

Muitos críticos já disseram que o “MacGuffin” em “Um Corpo que Cai” é sua própria história. É na obsessão do detetive que esta o interesse de Hitchcock. Assim, lá pelos dois terços do filme, temos uma reviravolta reveladora. Anos depois, em entrevista a François Truffaut, o mestre revelou que tal decisão foi tomada para realçar o suspense sobre a surpresa. Afinal, como o detetive reagirá ao descobrir o que nós, espectadores, já sabemos?

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