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Críticas

Garota Exemplar

Provas de desamor em ritmo de thriller

Por Luiz Joaquim | 02.10.2014 (quinta-feira)

São várias as camadas de leitura que o roteiro adaptado do livro de Gilliam Flynn induz o espectador em “Garota Exemplar” (Gone Girl, EUA, 2014), filme de David Fincher que estreia hoje. Isto não é necessariamente um elogio. E, aqui, em meio a tantas reviravoltas há, evidentemente, um centro discursivo e ele nos remete ao casamento como um pesadelo íntimo, maquiado por aparências públicas.

Se a atriz Glenn Close, há quase 30 anos, tornou-se um referência reforçando a preconcepção de “amante” com “culpa” no filme “Atração Fatal” (1987), em “Garota Exemplar” a linda e talentosa atriz Rosemund Pike poderá torna-se um ícone nesta segunda década do novo século como a esposa traída e vingativa.

O que há de conflituoso no engenhoso (com um certo esforço) roteiro de Flynn e direção de Fincher é que a personagem é, no fundo, uma psicopata e, sendo assim, “Garota Exemplar” deve ser considerado apenas o bom joquinho de quebra-cabeça criminal que é – como todos os filmes de Fincher. É importante ter cuidado para não eleger o filme como um novo estatuto sobre a intimidade do casamento.

Neste joguinho, o filme nos apresenta o casal Amy (Pike) e Nick (Ben Affleck) em dois tempos simultâneos. Alterna o início de seu relacionamento e a evolução do casamento, incluindo a mudança da sofisticada Nova Iorque para uma pacata região do Missouri por perderem dinheiro após uma recessão; sendo o outro momento, o presente, ou seja, o do 5º aniversário de casamento.

Nesta data, Nick chega em sua mansão e encontra sinais de violência e a esposa desaparecida. Aciona a polícia e não demora muito para ser visto pela mídia como o principal suspeito do presumida assassinato. Enquanto isto, por um diário de Amy, vamos ouvindo a personagem contar em off sua versão da história da decadência do casamento até o dia de seu sumisso.

Com a estratégia, Fincher vai levando o espectador para onde quer, nos induzindo ao julgamento precipitado assim como faz a mídia que condena Nick mesmo antes da polícia o indiciar como criminoso. A voz da razão está apenas com a irmã dele, Margo (Carrie Con). E desta história toda, o único ponto realmente interessante é ver como a mídia pode ser estúpida, além do ponto alto do filme que é a muito boa trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross.

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