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Reportagens

Conto que Vejo (pré-produção)

Um novo canal

Por Luiz Joaquim | 18.10.2015 (domingo)

Há cerca de um ano uma equipe da Rec Produtores Associados esteve no município de Triunfo (a 402 quilômetros do Recife) para experimentar, com a gravação de um programa piloto, aquela que seria a referência audiovisual para o projeto “Conto que Vejo” (nome provisório); série para a tevê que vai começar a, efetivamente, tomar corpo no próximo mês e deve ir ao ar em cinco episódios pelo Canal Brasil (por assinatura), no segundo semestre de 2016.

Por 30 dias, a partir de 1º de novembro, a produtora de filmes vitoriosos como “Cinemas, Aspirinas e Urubus”, “Era uma Vez Eu, Verônica”, de Marcelo Gomes, e “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, envereda-se na confecção desse série. Produto cuja linguagem opera numa flexibilidade maior que o das, por exemplo, telenovelas. E é nesse aspecto que a Rec está interessada.

“O piloto que gravamos ano passado não foi feito para ir ao ar. Serviram como teste de locação para entendermos, entre outras coisas, as possibilidades da locação e as intenções de dramaturgia que nos interessa”, explicou João Vieira Jr., produtor executivo da série, ao lado de Nara Aragão. O projeto nasceu com o desejo da Rec em levar à tevê a mesma qualidade que se vê no celebrado cinema local. “A ideia é imprimir na tela pequena o que já alcançamos com nossos filmes. Isso é algo que ainda estamos aprendendo, mas será realizado por uma maneira muito espécífica, com o nosso modo de produção”, adianta Nara.

O projeto “Conto que Vejo” experimentou a participação do escritor Ronaldo Correia de Brito como curador selecionando alguns contos literários a serem adaptados para a série. Dos 12 trabalhos iniciais permaneceram “Mentira de Amor” (do próprio Ronaldo Correia), “O Mateus” (de Hermilo Borba Filho), “O Dia em que Céu Casou” (do sergipano Antônio Carlos Viana), e “Castilho Hernandez, O Cantor e a Sua Solidão” (de Sidney Rocha).

A quinta história – “O Fim do Mundo” – nasceu das mãos de Hilton Lacerda, que assinará a direção dos episódios, com a direção de fotografia de Breno César. “Cada episódio terá um núcleo narrativo próprio”, conta Nara, “mas -Fim do Mundo- atravessa todos as outras histórias que acontecem na fictícia cidade que chamamos -Desterro-“, diz a produtora.

Já Hiltinho, como é carinhosamente conhecido no meio cinematográfico, explica que não tem o menor interesse em fazer telefilmes. “Não queria repetir isso. Não que não seja interessante, mas temos de correr riscos e as histórias aqui não serão episódicas. A uma unidade narrativa que funcionará de outro modo. Temos gancho de um episódio para outros. Temos conceitos mas queremos também conrrompê-los”, diz.

A escolha pelo Sertão do Pajeú como locação, particularmente Triunfo, se deu em função dos vários elementos orgânicos da natureza que cercam a região. “Eles ajudam a criar o ambiente que queríamos”, conta João Jr. “Em Triunfo temos vários cenários e precisávamos dessa perspectiva geografica para também circunscrever tudo num espaço fisico e delimitado no tempo, para daí criamos elipses”, aposta Hilton, que tem a ajuda de Ana Carolina Francisco (com quem trabalhou em “Big Jato”) na escrita do roteiro.

Os episódios terão elenco distintos, mas atores serão fundamentais na transversalidade dos episódios como Hermila Guedes e Jesuíta Barbosa. “Há também Arthur Maia, Hemínia Mendes e uma aposta nossa [risos], que é o Seu Bel. Ele, que é dono de uma pousada, é íncrível! Mas não é aquela coisa de que decidimos trabalhar com não-atores. Nós queremos transformá-los em atores”, finaliza Hilton.

CINEMA – Hilton Lacerda conta que deve trabalhar em mais três séries, com Marcelo Gomes como lider criativo desse núcleo, mas o cineasta também trabalha no roteiro de “Fim de Festa”, seu próximo filme. As gravações irão acontecer em 2017, entre a quarta-feira de cinzas do carnaval e o domingo, “quase como um filme-ensaio, pelo tempo real e com um arco narrativo”, diz Hilton.

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