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Críticas

O guia do mochileiro das galáxias

Numa galáxia aloprada

Por Luiz Joaquim | 17.07.2018 (terça-feira)

-publicado originalmente no jornal Folha de Pernambuco

Perfeita a programação de lançamento deste O Guia dos Mochileiros das Galáxias (The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy , EUA/Ing., 2005) logo após a chegada de Guerra nas Estrelas: Epis.. III nos cinemas. Isso porque o vínculo imediato das piadas nesta comédia esta longe do desgastado tema ‘sexo’ como alvo de seu humor. Sexo está em 90% das produções de humor juvenil norte-americana. Baseado em livro homônimo de Douglas Adam, de sucesso na Inglaterra há décadas, Mochileiros está diretamente ligado ao gênero da ficção-científica. O mote aqui é o imponderável, a improbabilidade das coisas. E o melhor, tudo com sugestão de cientificidade comprovada.

E quem pensa encontrar efeitos toscos na produção por conta da vocação de comédia do filme, está enganado. Apesar da qualidade nesse quesito, o que torna Mochileiros destacado das demais recentes produções
está no texto afiado, tanto do narrador em off (voz de José Wilker), quanto nos diálogos (legendados) dos
personagens. Em alguns momentos, lembra-se imediatamente do humor inspirado e inusitado do Monthy
Python (em particular com O Sentido da Vida, 1983, pelo genial sarro como o universo burocrático do
serviço público) e em outros com o indissociável SOS: Tem um Louco Solto no Espaço, 1987, de Mel Brooks.

Não é de muita importância o argumento de Mochileiros, isso porque o interessante aqui está nos detalhes das informações e invencionices, tais como: a toalha de rosto como escudo contra as forças do mal no espaço, os ETs que lêem poemas ruins como método de tortura, ou a poderosa pistola dos pensamentos, que faz os homens se sensibilizarem para o que só as mulheres se sensibilizam; e ainda, o cabeçudo robô maníaco-depressivo.

De qualquer forma, é bom saber que este filme, dirigido por Garth Jennings, começa apresentando um londrino comum que, ajudado por um alienígena caroneiro, foge da Terra no momento em que ela está sendo destruída pelos ETs burocratas. A catástrofe acontece por um erro, claro, burocrático, cometido pelo irresponsável ególatra presidente das galáxias, que vive em busca da pergunta-fundamental para ser lembrado mesmo depois do fim de seu mandato. Enfim…para entender, ou não entender nada e apenas sorrir sem constrangimento, é melhor ir ao cinema.

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