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Críticas

Críticos (versão 2006)

Crise em filme

Por Luiz Joaquim | 08.03.2006 (quarta-feira)

Próximo dia 22, começa em São Paulo, e dia 23 no Rio
de Janeiro, o 11° É Tudo Verdade – Festival
Internacional de Documentários, o principal do gênero
na América Latina. Fora da mostra competitiva,
Pernambuco vai estar representado pela primeira
exibição pública de “Críticos”. O filme é o debut de
Kleber Mendonça Filho a frente de um longa-metragem.

No último domingo, o jornalista e realizador promoveu
uma sessão fechada da obra “ainda em construção” que é
“Críticos”, e a Folha de Pernambuco estava lá. Captado
nos formatos Digital8 e MiniDV, e também editado em
digital na própria casa do diretor, o filme, numa
primeira definição, lança um olhar sobre a tensão, e
as razões dessa tensão, que habita o espaço entre
cineastas e os que, profissionalmente, fazem criticas
de cinema.

Longe de buscar uma conclusão sobre o assunto, o olhar
de “Críticos” é mais questionador que definidor. Haja
vista a quantidade e variedade de entrevistados, cerca
de 50, que aparecem no documentário. Entre eles, nomes
consagrados pelo público comum (Walter Salles, Samuel
L. Jackson, Rodrigo Santoro, Fernando Meirelles) e
outros conhecidos, espera-se, por especialistas da
área (Bertrand Bonello, Elia Suleiman).

A matéria bruta do filme é rica. São depoimentos que
Mendonça Filho vinha coletando desde 1998 pelos
festivais onde, inicialmente, freqüentou como
jornalista e, mais recentemente, como concorrente com
os curtas-metragens “Menina do Algodão” (2002), “Vinil
Verde” (2004) e “Eletrodoméstica” (2005) – que,
juntos, hoje somam 35 prêmios.

Com cerca de 50 horas de imagens brutas – entre elas,
entrevistas em Cannes, projecionista em ação na
cabine, rotativas de jornal, publicidades, cenas de
arquivo e de domínio público – o filme teve seu
primeiro sinal de vida no início do ano passado. Ali,
Emilie Lesclaux, que trabalhou na produção dos dois
últimos curtas de Mendonça Filho, começou a recuperar
e revisar todo o material registrado pelo cineasta.

O impulso que o casal precisava para colocar a mão na
massa e transformar 50 horas de entrevistas num
curta-metragem (era essa a idéia inicial) veio na
pessoa de Américo Santos. Ele é o curador do Festival
de Cinema Luso-Brasileiro de Sta. Maria da Feira. Numa
festa em São Paulo, em agosto de 2005 durante o Fest.
Internacional de Curtas, Américo perguntou: “e aquele
filme sobre a crítica? Vamos levá-lo a Portugal?”.

Em menos de três meses, Kleber e Emilie tinham uma
versão inicial de “Críticos”, que acabou sendo exibida
e bem recebida em dezembro último na Europa. A versão
atual, que a platéia no “É Tudo Verdade” irá conferir,
está diferente e ainda deve sofrer modificações.
Entre algumas questões desdobrados no filme – como o
mercado, a postura, os contrastes e a rejeição sob a
qual o crítico e sua relação com o cinema estão
imersos -, o longa traz uma discussão a respeito da
importância de “Cidade de Deus” nesse cenário
intelectual.

É exatamente nesse quesito que o casal – únicos
responsáveis por todas as etapas do longa – querem
melhorar “Críticos”. A idéia é entrevistar algo em
torno de dez personalidades da área, ‘arrendondar’ o
filme e chegar a uma edição definitiva no segundo
semestre.

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