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Críticas

O Dia em Que a Terra Parou (2008)

Keanu Reeves é um alienígena em remake de um clássico da sci-fi

Por Luiz Joaquim | 09.01.2009 (sexta-feira)

A julgar por essa primeira mega-estréia de 2009, “O Dia em Que A Terra Parou” (The Day The Earth Stood Still, EUA, 2008), Hollywood já se curou do trauma deixado pelo “11 de Setembro”, quando, após a catástrofe, a indústria cinematográfica se retraiu no que diz respeito a criar o “fim do mundo” no cinema.

Assistir este filme de Scott Derrickson, feito a partir do longa-metragem homônimo rodado em 1951 pelo monstro Robert Wise (“West Side Story”, “A Noviça Rebelde”) e com trilha de Bernard Herrmann, é libertar-se da culpa de sentir medo pelo armagedon no cinema.

Realizar uma refilmagem é sempre uma ousadia, e Derrickson, na realidade, perseguiu esse desafio por vários anos, exatamente por ser um aficcioanado pelo filme original.

Nesse sentido, o novo “O Dia em Que a Terra Parou”, é fruto de uma dedicação apaixonada e respeitosa, resultando num trabalho atraente, mas conflitante com sua própria natureza. Por que? Pra entender é preciso voltar ao passado.

No primeiro filme, o alienígena Klaatu (Michael Rennie, uma ator inglês reconhecido pela sua inexpressividade) aterrizava em Washington D. C. para nós alertar que o planeta corria perigo. Ao encontrar intolerância e violência como resposta ele reage também com violência através de seu robô. Em tempos de pós-Segundo Guerra, e início de Guerra Fria, o recado era bem claro para os então líderes mundiais.

Hoje, Klaatu (Keanu Reeves, um ator norte-americano conhecido por sua inexpressividade), pousa no Central Park, Nova Iorque, em sua nave cilíndrica de estrutura orgânica para nos dar o mesmo recado, só que o inimigo do mundo agora é a raça humana, que está matando o ecossistema da Terra.

Nesse sentido, existe aqui uma conflito (ecológico) ainda pouco assimilado como uma ameaça mundial. Apesar dos danos causados contra o ecossistema já fazerem parte da consciente do público comum, o estrago ainda é pouco assimilado como algo realmente ameaçador.

Por isso, no contexto de um filme hollywoodiano belicista, a razão do entrevero entre o alienígena e os militares norte-americanos soa pouco consistente. Não é inválida, mas soa fraca, ou “politicamente correta” demais, o que pode soar como um palavrão para alguns.

Ao mesmo tempo, além de sua plástica fantástica como só Hollywood produz, há outra beleza no novo filme. Beleza própria do roteiro original. Consiste na descoberta de Klaatu pelo amor entre os iguais de nossa raça. Por ele, Klaatu vê esperança aos humanos. É algo que foge a sua compreensão de “ser avançado”. E é o que fica evidente no conselho que um eminente cientista (John Cleese) dá a sua pupila (Jennifer Connelly) e única amiga de Klaatu. Ele aconselha “tente convencê-lo a nos perdoar com a emoção, e não com a razão. Seja você mesma”. O recado está dado.

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