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Nova Jerusalém e Paixão de Cristo viram patrimônio

Governador de Pernambuco assina projeto de lei

Por Luiz Joaquim | 07.03.2009 (sábado)

Em meio a comemoração da data magna do estado pernambucano, foi sancionado na tarde de ontem pelo governador Eduardo Campos o projeto de lei que transforma, respectivamente, Nova Jerusalém e o espetáculo da Paixão de Cristo em Patrimônio Cultural Material e Imaterial do Estado de Pernambuco.

O projeto de lei 816/2008, de autoria do deputado Alberto Feitosa (PR), foi assinado exatamente duas semanas após o bloco carnavalesco Galo da Madruga ter recebido o mesmo título oficial, de Patrimônio Imaterial.

Para o governador, a cerimônia poderia ter se realizado discretamente no gabinete como qualquer outra, mas seu entendimento foi que “uma sanção simples, mas solene, deveria constar como reconhecimento a este evento que gera trabalho, renda e sustentabilidade mesmo fora do seu período de espetáculos. É um evento que só ressalta a pujança da cultura pernambucana e que ganhará ainda mais visibilidade nacional além dos aspectos que a economia do Estado vem conquistando”.

Eduardo Campos ressaltou ainda que era preciso reconhecer o talento e a coragem de Plínio Pacheco, que idealizou e construiu a cidade cenográfica de Nova Jerusalém há mais de 40 anos. “Figuras como a de Plínio precisam ser mais aplaudidas pelos pernambucanos”, destacou.

Para o autor do projeto de lei, deputado Alberto Feitosa, o espetáculo no complexo de Nova Jerusalém, que mobiliza cerca de 80 mil pessoas ao ano, não perde para nenhuma apresentação estrangeira do gênero. “Em fevereiro levei as crianças para a Disney e percebi que a Paixão de Cristo não fica atrás de nenhum aspecto técnico, como iluminação, som, maquiagem e encenação. É um trabalho digno desse merecimento da ação do governador”.

Feitosa lembrou que, em termos práticos, a sanção é uma representação oficial que deverá beneficiar o espetáculo no sentido de abrir ainda mais os olhos de investidores do resto do país para Nova Jerusalém. O presidente da Sociedade Teatral de Fazenda Nova, Robinson Pacheco, disse que este não é só um reconhecimento para o espetáculo, mas para o próprio Estado e para o trabalho de toda a vida de Plínio. “Funciona também como mais um estímulo para concebermos o evento, que já era um patrimônio do povo pernambucano, ainda melhor e atrair ainda mais turistas para o Agreste”, defendeu. O governador Eduardo Campos encerrou a cerimônia convidando a todos para o próximo espetáculo em Nova Jerusalém, que acontece entre de 3 e 11 de abril.

HISTÓRIA
O que hoje é um espetáculo sofisticado, com efeitos especiais para encenação da calvário de Cristo, já foi um dia uma apresentação simples feita nas ruas da pequena vila de Fazendo Nova, distrito do município de Brejo da Madre e Deus (no Agreste do Ipojuca, a 199 quilômetros do Recife).

Foi em 1956 que Epaminondas e Plínio Pacheco começaram a arregimentar camponeses, pequenos comerciantes e alguns atores e técnicos que atuavam em espetáculos no Recife para fazer nascer o que hoje conhecemos como o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém.

Em 1962, Plínio teve a idéia que ele chamava de “sonho de pedra”, ou seja, erguer uma réplica de Jerusalém em pleno agreste pernambucano. A região, como a Judéia original, era repleta de rochas, vegetação rasteira e tinha um clima semi-árido, além do cenário escolhido para subir a cidade-teatro ser rodeado por montanhas.

No ano seguinte, os cenários começaram a ser levantados num espaço de 100 mil metros quadrados, o que equivalia a 1/3 da área murada de Jerusalém na época de Jesus. Além da cidade-teatro, Plínio também construi uma obra literária sobre sua obra de pedra e concreto. Em 1967, ainda escreveu a peça “Jesus”, que viria a ser encenada no ano seguinte em Nova Jerusalém, já com seus palácios e muralhas.

Hoje, a cidade-teatro ganha a cada apresentação novas intervenções e novos atores, alargando ainda mais o esplendor de seu espetáculo, visando atrair cada vez mais curiosos e turistas de todas as partes do país e do exterior. Em mais de quatro décadas de atividade, o espetáculo já foi apresentado para mais de 2,5 milhões de pessoas.

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