BUENOS AIRES (ARG.) – Apesar da programação carregada de documentários que parecem cada vez mais preocupados em se estruturar a partir de conceitos rigorosos, esta edição do Bafici também abre espaço para obras documentais que não se dedicam a investigar a linguagem cinematográfica. É o caso de “Un architecte dans le paisaje” (2009), do diretor argentino Carlos Lopez.

O filme que possui forte semelhança com reportagem para telejornal, partindo de um personagem (o arquiteto francês Georges Descombes) para em seguida ampliar a envergadura do debate e dessa forma discutir o papel da arquitetura na construção da identidade de uma cidade.

Problematizar obras arquitetônicas para além de opiniões estéticas parece ser o tipo de reflexão urbana em sintonia com outros filmes, como os trabalhos pernambucanos “Um lugar ao sol” e “Avenida Brasília Formosa”, ambos de Gabriel Mascaro, e também com a obra colombiana “El vuelco del cangrejo” exibida neste festival.

Temas como a verticalização das cidades ou as implicações da especulação imobiliária aprecem ao longo dessa narrativa via exemplos dos profissionais entrevistados. A certa altura, duas arquitetas francesas explicam as alterações ocorridas na cidade após a edificação de um parque. A especulação imobiliária aumentou o custo de vida da região, alterando a identidade do local. O filme não pretende encerrar respostas, mas convidar o espectador para um debate cada vez mais necessário.

PREMIAÇÃO
A 12ª edição do Bafici chegou ao fim neste domigo, depois de exibir um total de 422 filmes (105 curtas, 36 médias e 281 longas), de 48 países diferentes. Entre os vencedores está “Polícia, adjetivo”, trabalho romeno que venceu nas categorias melhor ator (Dragos Bucur) e melhor diretor (Corneliu Poromboiu). “Lo que más quiero”, de Delfina Castagnino, foi escolhido como melhor filme argentino. Já o mexicano “Alamar”, de Pedro González-Rubio, foi selecionado como melhor filme do festival.