PAULÍNIA (SP) – Dois filmes que estiveram em grandes festivais internacionais encerram, quarta-feira (21), a noite competitiva do 3º Festival Paulínia de Cinema. A começar por “Lixo Extraordinário”, co-dirigido pela inglesa Lucy Walker e o carioca João Jardim (“Janela da Alma”) e a pernambucana Karen Harley (montadora de “Viajo porque Preciso, Volto porque Te Amo”). O documentário, que segue os passos do artista plástico Vik Muniz ao aterro sanitário Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, exibiu no Sundance Film Festival (EUA) e no Festival de Berlim (Alemanha).

Ali ganhou prêmios do público, o que pode se repetir aqui em Paulínia uma vez que, após a projeção, a platéia aplaudiu por cinco minutos, de pé, fato inédito nos três anos do festival. É verdade que o tema de “Lixo Extraordinário” – conforme Vik: “a transformação pela arte” nos catadores de material reciclável – é por si só algo comovente e ficou mais forte com os depoimentos dados pelo articulado Tião, líder da comunidade, presente na exibição.

“Lixo…” segue a trajetória de Vik, que a certa altura da carreira decide voltar à origem humilde e reverter o que conseguiu na vida para Gramacho criando obras de arte com a participação efetiva daquela comunidade. Há uma certa postura de abordagem vertical no filme que, de modo mais generalizado, faz questionar qual é de fato o benefício ali (questão até levantada no corpo do filme), mas é, de qualquer forma, um filme que abrirá novos caminhos no exterior não só para os catadores, como também para Vik.

Já “Broder”, de Jeferson De, exibiu em Berlim, e também passou, seu roteiro, por um laboratório em Sundance. Protagonizado por Caio Blat, Jonathas Haagensen e Silvio Guindane (como um bandido, um jogador de futebol e um trabalhador), o filme discute a família, a ascensão social e a responsabilidade de forma bastante articulada na montagem via amizade destes três.