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Festivais

Premiados em Brasília na Fundaj

Cinema da Fundação exibe curtas selecionados no 42º Festival de Brasília

Por Luiz Joaquim | 15.12.2010 (quarta-feira)

Se na semana passada, o grande momento da mostra Expectativa 2010 / retrospectiva 2009 do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco aconteceu na sessão de “A Hora da Estrela” com a presença da atriz Marcélia Cartaxo, o grande momento desta semana deve acontecer amanhã (quarta, 16-dez), na sessão das 20h20, quando a mostra oferece ao recifense a chance de ver os quatro curtas-metragens pernambucanos que exibiram (e venceram) o 42º Festival de Cinema de Brasília do Cinema Brasileiro.

Quem abre a sessão é “Faço de Mim o que Quero”, de Sérgio Oliveira e Petrônio Lorena. Em tom de ensaio audiovisual, a dupla de realizadores registrou um belíssimo olhar sobre o universo da música brega recifense. É um fenômeno que funciona há anos e gera uma dinâmica na cultura, na sociedade e no mercado musical. Na verdade, era impressionante que ninguém houvesse documentado isso até então. Um dos méritos do filme está na perspectiva respeitosa e atenta a esse grupo de artistas (Kelvis Duran, Conde, João do Morro, Vício Louco, Rodrigo Mell) e seus fãs.

Na sequência vem “Azul”, de Eric Laurence (Candango de melhor som), pelo qual acompanhamos uma senhora que caminha bastante para que uma amiga leia as cartas enviadas por seu filho distante. Eric cria aqui uma atmosfera geográfica consonante com o estado de espírto solitário da protagonista, e a fotografia de Antônio Luís Mendes chama a atenção pela aproveitamento limítrofe do enquadramento.

O campeão de Brasília (melhor filme, fotografia e som) foi “Ave Maria ou A Mãe dos Sertanejos”. O projeto de Camilo Cavalcanti foi realizado junto a sertanejos de Serrita, depois de passarem por uma oficina. Ao som de “Ave Maria dos Sertanejos”, cantada por Luiz Gonzaga, Camilo nos brinda com imagens fortes e autênticas. Mostra um sertão harmônico – exceto pela presença da tecnologia no final -, com personagens elegantes e confortáveis em sua legitimidade de sertanejos.

Encerra a sessão o filme coqueluche de Brasília: “Recife Frio”, de Kleber Mendonça Filho. O curta, semana passada, juntou aos Candangos da crítica, direção, roteiro e júri popular (além de três extra-oficiais) dois prêmios no Festival de Sta Maria da Feira, Portugal: melhor filme e júri popular.

Muito se falou em Brasília que “Recife Frio” era o melhor filme de Kleber Mendonça. Talvez seja cedo para dizer, mas não é cedo para afirmar que seu talento parece ter alcançado um grau de coerência discursiva, na linguagem cinematográfica, para um curta-metragem. A partir da premissa que um fenômeno meteorológico deixa a tropical capital pernambucana constantemente sob temperatura de, no máximo, 10 graus centígrados – mudando os habitos culturais, socias e econômicos -, o filme investiga quem somos hoje, a partir de uma fantasia alucinada que nos obriga a parar e observar a nós mesmos.

Como se não bastasse, Kleber nos presenteia com a realeza de Lia de Itamaracá, celebrando seu talento mesmo em tempos de frio. E, numa das sequências mais bonitas já feitas pelo cinema pernambucano, digna da altivez de Lia, um raio de luz surge para iluminar a beleza da cirandeira. Atenção também para o final dos crétidos, com outra imagem que recifense nenhum jamais esquecerá.

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