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Festivais

14o Tiradentes (2011) – Noites 1 e 2

Tiradentes abre como Saraceni e Irandhir

Por Luiz Joaquim | 24.01.2011 (segunda-feira)

TIRADENTES (MG) – Em sua 14a. edição, a Mostra de Cinema de Tiradentes, iniciada na sexta-feira com homenagem ao ator Irandhir Santos e ao cineasta Paulo Cezar Saraceni, o evento teve uma das aberturas mais comentadas, não exatamente no sentido positivo, e sim por uma certa desarticulação nos discursos apresentados.

Com exceção do texto preciso de abertura e lido com emocão pela diretora da Mostra, Raquel Hallack; e também pelo agradecimento autêntico de Irandhir, num discurso redondo sobre sua formação e seu respeito pelo espectador, tivemos, por outro lado, as palavras de um frágil Saraceni, aos 77 anos, emocionado mas não muito focado na própria homenagem. A maior decepção, entretanto, esteve na primeira participação oficial da Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, num evento público.

De forma bastante livre, Hollanda fez comentários sobre o cinema e sua força na formação cultural, mas sem muita propriedade, o que terminou por sugerir na platéia uma grande falta de intimidade com a área. Antes da primeira exibição do longa-metragem inédito “O Gerente”, de Saraceni, houve também o desfile do estilista mineiro Ronaldo Fraga para celebrar 500 longas patrocinados pela Petrobrás.

Sobre “O Gerente”, temos Ney Latorraca como Samuel, o gerente de um banco com tara pela mão das mulheres a ponto de machucá-las, o que o leva a ser execrado pela sociedade carioca pré-JK. Um interessante depoimento veio da esposa de Saraceni, agradecendo a Petrobrás: “Vocês salvaram a vida do Paulo. Ele teve um AVC e saiu do hospital para fazer esse filme. Muito obrigado!”, falou a atriz Anna Maria Nascimento, também estrelando “O Gerente”.

No sábado à tarde, Tiradentes viu o curta de Adriana Câmara, “1:21” e, à noite, o pernambucano “Avenida Brasília Formosa”, de Gabriel Mascaro, agradou com sua intervenção dramática na vida dos moradores de Brasília Teimosa. Em tela montada na praça, no Largo das Forras, uma multidão se espremia para ver “Elza”, documentário de Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan sobre o talento e a história da cantora Elza Soares.

Expectativas haviam sobre o último filme do dia, “Cortina de Fumaça”, do carioca Rodrigo Mac Niven. O filme segue a escola norte-americana contemporânea de documentários, iniciando não uma discussão, mas uma tentativa de convencimento numa crença. No caso, a de que a maconha é menos prejudicial que outras drogas lícitas e que sua legalização reduziria a violência gerada por essa repressão. Com ótimo trabalho de pesquisa, entrevistando especialistas ingleses, canadenses, brasileiros, norte-americanos e espanhois, “Cortina de Fumaça” tem um ritmo envolvente, mas não oferece espaço para o espectador desdobrar suas próprias conclusões, pois elas estão todas postas lá no filme.

Ontem, o pernambucano Ionaldo Araújo apresentou seu curta digital “Um Noite em 68” na mostra Panorama, e, também de Pernambuco, Juca Capela mostrou seu longa documental “Paranã Puca: Onde o Mar se Arrebenta”, sobre o cenário das artes plásticas no Recife, desde os anos 1930 até hoje. A pesquisa passeia, inclusive, por questões econômicas e históricas desse período. Hoje é dia de ver “Aeroporto”, de Marcelo Pedroso, e a estreia do esperado “Mens Sana in Corpore Sano”, de Juliano Dornelles.

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