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Festivais

7o. CineEsquemaNovo (2011) dia 4

A melancolia da solidão

Por Luiz Joaquim | 27.04.2011 (quarta-feira)

PORTO ALEGRE (RS) – O programa 2 da mostra competitiva de curtas-metragens do 7o CineEsquemaNovo: Festival de Cinema de Porto Alegre, foi reprisado na tarde de terça-feira, na sala P. F. Gastal. Apesar da coerência temática que amarrava alguns dos seis títulos deste módulo, o mais interessante era observá-lo como uma síntese da diversidade de discursos que o festival quer abranger.

Nada mais adequado, por exemplo, que exibir “Náufragos” (BA/SP), de Gabriela de Almeida e Matheus Rocha (filme que será projetado no Cine-PE terça-feira, dia 3), seguido pelo carioca “Meu Avô, o Fagote”, de Tatiana Devos. Em ambos, a velhice e sua relação com a memória são marcadas pela sutileza.

Seja na velhinha que tenta pescar o marido debaixo da cama, quando na verdade encontra suas próprias lembranças, seja no avô da realizadora Tatiana – com sotaque carregado e seu inseparável fagote – que relê após 50 anos, cartas que seu mestre lhe enviara da França. Cartaz recheadas de conselhos sobre a honradez e a arte.

Já “Wannabe”, de Mauricio Ramos Marques, uma senhora, também solitária ganha uma nova excitação pela vida quando começa a espionar um estranho casal de vizinhos. Com um começo promissor, o filme parece perde seu próprio eixo a medida em que avança. Ainda sobre a melancolia da solidão, “My Way”, de Camilo Cavalcante, é o mais explicito, e sua objetividade é, ao mesmo tempo, tocante e precisa.

Já o exercício mineiro chamado “Quatorze”, de Leonardo Amaral, não deve ser visto além dessa condição. A partir da imagem de pessoas feitas (em sua maioria) aleatoriamente do 14a andar de um prédio, Leonardo que chamar a atenção para a distância entre os dois universos divididos pela verticalização da vida urbana. Este recado, entretanto, não é traduzível no divertido filme. Chega-se a ele apenas pela explicação oral do diretor.

No mesmo P. F. Gastal, à noite, aconteceu a primeira exibição pública do longa co-produzido entre a Paraíba e o Ceará: “Luzeiro Volante”, de Tavinho Teixeira. Numa narrativa livre que segue um homem inicialmente envolvido com a usina de Itaipu, “Luzeiros…” está sempre promovendo uma conexão desse homem livre e sua relação com a água (o rio, a chuva, a piscina).

A água, à propósito, já é celebrada na frase que abre o filme: “Deixais o mais distraído dos homens mergulhar em seus sonhos: ponde-o de pé, movimentai-lhe as pernas, e ele infalivelmente vos conduzirá para a água”. Mas, uma grande falta de comunicações entre os diversos blocos do filme não ajudam o espectador a se envolver com o todo.

De modo que, casos isolados, como a dança do protagonista de olhos vendados, entre torres elétricas ao som de um zumbido soa apenas como… a dança do protagonista de olhos vendados, entre torres elétricas ao som de um zumbido. E isto, nesse contexto, nunca deixará de ser apenas isto. Assim, sem encanto e desarticulado.

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