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Jomard, o indomado

Jomard, o indomado

Por Luiz Joaquim | 03.05.2011 (terça-feira)

Como reduzir um homem em um documentário? Impossível. E se esse homem é um jovem e inquieto senhor que se chama Jomard Muniz de Britto a tarefa pode ser ainda mais complicada. O nome, é possível, talvez nem seja tão lembrado fora do Nordeste mas, para quem é da Paraíba e Pernambuco, e atento à cultura há ao menos cinco décadas, sabe que JMB, 74 anos, é tudo, menos pequeno. Mesmo sabendo disso, a realizadora Luci Alcântara se lançou nessa aventura. O trabalho, seu segundo longa-metragem, “JMB: O Famigerado”, será lançado hoje (o último filme da noite) no Cineteatro Guararapes em competição pelo 15º Cine-PE: Festival do Audiovisual.

“Eu sabia que podia filmar Jomard de várias formas, mas em ‘JMB’ fiz um exercício de linguagem, trabalhando o sujeito e o objeto no documentário. Isso só foi possível porque o próprio Jomard me forneceu esse recorte durante as filmagens”, conta Luci. “Em ‘Geração 65: Aquela Coisa Toda’, valorizei a palavra, sem deixar de falar daqueles poetas”, lembra, sobre o primeiro longa, a respeito da trajetória de um movimento literário surgido nos anos 1960 aqui no Estado, e exibido na Mostra Pernambuco do 13º Cine-PE (2009). “Já no novo filme, Jomard me serviu de um material em que podia experimentar mais”, lembra.

De fato, para quem já viu o filme, talvez o mais interessante ali esteja na presença explícita de constantes conflitos, ora mais tranquilos, ora menos, entre o protagonista e sua diretora. De um lado a natural impertinência de um artista sensível e indomável na frente da câmera. Do outro, Luci por trás da câmera, tentando fechar o enquadramento numa “incapturável” e doce fera. O resultado gera alguns momentos humorados, mas também outros que se destacam mais pelo encontro entre estes dois olhares, que se atritam mesmo fim sendo um só. “JMB: O Famigerado” apresenta-se, dessa maneira, como algo bastante incomum num doc., em termos de relacionamento entre o diretor e seu personagem.

Sobre a expectativa da recepção para a noite de hoje Luci comenta: “quando faço um documentário não penso nessa comunicação, mas em outras questões. Retratar a realidade, por exemplo, não é um delas”, adianta. E aponta que alguns personagens se magoaram ao se descobrirem sem os créditos de identificação na imagem. Luci inclusive, brinca, com esse aspecto, “o único famoso é Jomard e, como ele diz, eu também, que quero ficar famosa com esse filme”. Já o popfilosófico Jomard é peremptório: “Só comento o filme na quarta-feira”, com cuidado para evitar possíveis mal-entendidos.”Por enquanto sugiro que escutem aqueles que já viram o filme”.

Antes de “JMB”, o Recife verá o belíssimo curta baiano “Náufrago”, de Gabriela Almeida e Matheus Rocha. O curta é precedido pelo longa de ficção carioca “Vamos Fazer um Brinde”, de Cavi Borges e Sabrina Rosa; e, antes deste, exibem os curtas “Ovos de Dinossauro na Sala de Estar” (PR), de Rafael Urban, e “Traz Outro Amigo Também” (RS), de Frederico Cabral.

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