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Festivais

2ª Mostra do Cinema Português Contemporâneo (2013

Um cinema sem medo de inovar

Por Luiz Joaquim | 21.05.2013 (terça-feira)

Recife ganhou o benefício de conferir a Mostra do Cinema Português Contemporâneo, que inicia hoje e segue até domingo na Caixa Cultural Recife (av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife). Nesta segunda edição – a primeira aconteceu ano passado apenas no Rio de Janeiro e São Paulo -, serão exibidos 19 raros filmes, entre curtas e longas-metragens, realizados entre 2000 e 2012. A curadoria do evento, que compõe as comemorações do Ano de Portugal no Brasil, é do português José Barahona e da carioca Carolina Dias.

Radicados em Lisboa, este ano os curadores homenageiam Fernando Lopes (1935-2012), um cineasta referência daquele país, que iniciou carreira em 1961. Na programação dois filmes marcantes de sua carreira. No documentário “Belarmino” (1964, exibe quinta-feira, 17h30), sobre o pugilista Belarmino Fragoso, Lopes explica porque ele “poderia ter sido” um dos melhores boxeadores da Europa, mas não foi. Já em “Uma Abelha na Chuva” (1972, exibe sexta-feira, 16h30), Lopes cria um exemplar do chamado “Novo Cinema” português, no espírito da Nouvelle Vague francesa. Faz aqui, a partir da vida de um casal, um retrato do país sob uma ideologia totalitária.

“A nossa ideia é abrir um espaço, tanto para o público cinéfilo quando para o fora desse universo, com a possibilidade deles conhecerem um cinema português para além da cinematografia de realizadores mais conhecidos do país, como Manoel de Oliveira e Pedro Costa”, explica Carolina.

Para começar hoje, com sessão às 18h, a mostra exibe o primeiro filme de Miguel Gomes, “A Cara que Mereces” (2004). E para explicar o contexto em que se insere obras desconhecidas (ou de cineastas pouco conhecidos) por aqui, como por exemplo “O Barão” (sexta-feira, 18h), de Edgar Pêra, ou “A Arca do Éden” (domingo, 16h), de Marcelo Felix, a produção elaborou textos curatoriais.

A mostra oferece também o luxo de algumas sessões seguidas de debate com o próprio diretor do filme. É o caso de “Filme do Desassossego” (quinta-feira, 19h30), com a presença de João Botelho; e “A Nossa Forma de Vida” (sábado, 18h), com Pedro Filipe Marques. No sábado, às 14h, acontece também um debate promovido pelo Cineclube Dissenso para o filme “É na Terra, Não é na Lua”, de Gonçalo Rocha. Ainda no programa de sessões comentadas, o crítico Luís Soares Júnior fala amanhã após a sessão às 20h do radical “Branca de Neve”, de João César Monteiro.

“Essa comunicação entre Brasil e Portugal na mostra, com críticos locais discutindo a filmografia de lá, e o cineastas vindo aqui para apresentar suas perspectivas, é como uma rubrica da mostra. Dessa forma, criamos um ponto de contato entre as duas culturas”, destaca Carolina que, junto a Barahona, pensou em dar ao perfil desta 2ª edição o aspecto da diversidade criativa do atual cinema português.

“Eu diria ao público para ir a mostra com o espirito livre, disposto a ver um cinema com uma linguagem audaciosa em aspectos estéticos, formais e temáticos. Há também filmes não tão radicais, como A Nossa Forma de Vida, contando a história dos avós de Pedro Marques; de qualquer forma, é uma maneira do espectador se deparar com obras cujo cunho autoral é bem forte e pouco acessível por aqui”, concluiu a curadora. Os ingressos custam R$ 2 e R$1 (meia).

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PROGRAMAÇÃO

TERÇA-FEIRA
18h – A cara que mereces de Miguel Gomes

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QUARTA-FEIRA
16h – A Vingança de uma mulher, de Rita Azevedo Gomes
18h – Alice, de Marco Martins
20h – Branca de Neve, de João César Monteiro – Sessão debate com o crítico Luís Soares Júnior

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QUINTA-FEIRA
16h – 17h05 – Hope de Pedro Sena Nunes e Angst de Graça Castanheira
17h30 – 18h45 – Belarmino, de Fernando Lopes
19h30 – 22h – Filme do Desassossego, Sessão debate com o diretor João Botelho

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SEXTA-FEIRA
14h30 – Sessão de curtas: Direto, de Luís Alvarães e Luís Mário Lopes; Kali, o pequeno vampiro de Regina Pessoa; O nome e o N.I.M., de Inês Oliveira; Os olhos do farol, de Pedro Sarrazina; Rafa, de João Salaviza
16h30 – Uma abelha na chuva, de Fernando Lopes
18h – O Barão, de Edgar Pêra

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SÁBADO
14h – É na Terra não é na lua, de Gonçalo Tocha – Sessão debate com Cineclube Dissenso
18h – A nossa forma de vida, Sessão debate com o diretor Pedro Filipe Marques

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DOMINGO
14h — A piscina de João Viana e Iana Ferreira e Palácios de Pena de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt
16h – A Arca do Éden, de Marcelo Felix
18h – O Fantasma, de João Pedro Rodrigues

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SERVIÇO:
2ª Mostra Cinema Português Contemporâneo
Hoje à domingo
CAIXA Cultural Recife – Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife.
(81) 3425-1900
Ingressos: R$ 2,00 e R$ 1,00 (meia)

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