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Críticas

Independence Day: O Ressurgimento

O novo fim do mundo. Esses norte-americanos…

Por Luiz Joaquim | 11.07.2016 (segunda-feira)

25-junho-2016 (sábado)

LUIZ JOAQUIM

O que o leitor estava fazendo há 20 anos? O diretor e produtor alemão naturalizado nos EUA, Roland Emmerich, deu início a sua carreira como o principal especialista em promover o fim do mundo pela máquina da fantasia chamada Hollywood. Com seu Independence day, lançado em 1996, tornou-se o maior sucesso de bilheteria daquele verão, tendo custado US$ 75 milhões e rendido US$ 306 milhões apenas nos EUA, e um total de US$ 817 milhões no mundo inteiro.

A razão de tanto sucesso? Emmerich inaugurou ali a junção da categoriasci-fi com a de filmes-catástrofe em escala mundial. O filme de 1996, com destruição de símbolos turísticos de várias cidades importantes (até o Cristo Redentor iria entrar na jogada) fez da obra uma curiosidade planetária, ainda que viesse carregado de uma pesada e irritante carga patriótica dos ianques.

Com tanto sucesso a produção da sequência seria algo lógico. Mas, por que duas décadas para vermos nas telas Independence day: O ressurgimento (Independence Day: Resurgence, EUA, 2016), também dirigido por Emmerich?

Na verdade o roteirista Dean Deavlin chegou a escrever logo após êxito do filme 1 o roteiro para duas sequências, mas ele próprio não gostou do resultado e só em 2011 anunciou que teria uma história mais coerente para dar continuidade à franquia.

E o que ele pensou para O ressurgimento é que a tecnologia deixada pelos aliens derrotados 20 anos atrás (a ação no novo filme ocorre duas décadas após o filme 1) possibilitou que as nações do mundo inteiro passassem a viver em harmonia.

Na verdade com um objetivo específico, o de se preparem para uma possível nova invasão alienígena. E é o que acontece, mas sem muitos preparativos ou contextualização prévia ao espectador. No novo filme, os ETs simplesmente surgem numa nave colossal de 4.500 quilômetros de extensão (!!), informa o filme.

A desproporção do que se fala no filme e o que se mostra na tela seria mais bem absorvido se o espectador soubesse previamente que esta dimensão é aproximadamente a extensão territorial, em linha reta, do Brasil. Aqui um dado: do Oiapoque ao Chuí, por exemplo, temos 4.180 quilômetros.

Mas, sendo um filme de ficção-científica, quase tudo é perdoado. ‘Quase’, pois não é bacana para o espectador ser obrigado a engolir justificativas infantis (no mau sentido) sobre as razões daquela invasão. Como a explicação vem embalada por informações que vão se apresentando aos pouco e numa coerência simplista, nos resta prestar atenção às cenas de ação que, afinal, é por isso que O ressurgimento existe.

E que temos nesse terreno? A repetição do espetaculoso poderio de destruição de uma espaço-nave gigante arrasando novamente pontos turísticos do mundo, desta vez com mais convincentes recursos de efeitos digitais. O excesso, entretanto, deixa-o, mais uma vez enfadonho.

Comentou-se sobre o humor nesse filme 2, contra a linha sisuda do filme 1. Bem… se tivermos de considerar o humor boboca visto em O ressurgimento como um de seus trunfos, como algo positivo, então é mesmo hora de nos preocuparmos com a qualidade da graça que nos chega de Hollywood.

Interessante observar os “recados” políticos do filme – tal qual um produto de sua época – ao colocar a presidente dos EUA na pele de uma mulher (Sela Ward). Mas o espaço politicamente correto cedido a Ward não dura muita. A ela é permitido apenas montar algumas expressões prontas de preocupação e de ordem, como as frases curtas e constrangedoras no estilo “Vamos atacá-los!”, e derivações.

Entre seus heróis o filme praticamente ressuscita o velho presidente Whitmore (Bill Pullman), do filme anterior, além de trazer também o cientista David (Jeff Goldbum), e seu pai Julius (Judd Hirsch).

Entre novos rostos para compor o atual heroísmo surge a francesa Charlotte Gainsbourg, que aparece como uma cientista-par-romântico para David. O romance jovial no filme – enquanto o mundo se acaba – fica sob responsabilidade da filha do velho presidente Whitmore, Patricia (Maika Monroe), com o rebelde piloto Jake (Liam Hemsworth).

Há também piloto Dylan (Jessie T. Usher), celebrado no enredo por ser ele o filho adotivo do herói do filme 1, o capitão Steve, em 1996 vivido pelo ator Will Smith, que não reaparece aqui pois seu cachê solicitado de US$ 50 milhões ficou salgado para a Fox Film.

E se o leitor não estiver saciado, é só esperar mais uma pouco. O filme 3 não vai durar outros 20 anos. Talvez 2 ou 3, no máximo.

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