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Festivais

22. Cine-PE (2018) – debate “Mulheres Alteradas”

Diretor Luís Pinheiro recebeu muitas perguntas a respeito de dirigir um filme sobre o universo feminino.

Por Renata Malta | 02.06.2018 (sábado)

Ontem (1º/6), às 11h, no Hotel Nobile*, aconteceram os debates dos filmes exibidos na noite de anteontem no Cine PE. Mediados por Edu Fernandes, um dos curadores desta edição. A conversa iniciou junto aos realizadores e representantes dos curtas Dia-um, O Consertador de coisas miúdas – que concorrem na Mostra competitiva de curtas-metragens pernambucanos – Marias, Sob o delírio de Agosto , Abismo que competem pela Mostra Curta Brasil  e  Desculpe, me afoguei – em exibição Hors Concours.

O Diretor de Consertador de coisas miúdas, Marcos Buccini e o Roteirista João Lin falaram sobre a criação do personagem, originado dos quadrinhos e transposto para a animação, o consertador, foi inspirado no irmão do roteirista obcecado por perder horas reparando objetos. O filme se apropria do traço de Lin para conceber uma animação feita de recortes, animados por alunos de Buccini. A cineasta Kátia Mesel, presente durante o debate, apontou uma metáfora a resistência do personagem dentro da sociedade numa era de muito descarte.

O roteirista Itamar Silva, de Dia um, uma animação feita por alunos de Marcos Buccini, falou sobre a curiosa escolha da música cedida por um grupo que desenvolve trilhas-sonoras com direitos autorais gratuitos disponíveis no Youtube.

Com Sob delírio de agosto, o co-diretor e roteirista, Carlos Kamara, explicou sobre a extensa pesquisa que realizou  para desenvolver Severo, um marchante esquizofrênico. Durante sua fala, o realizador revelou a identidade do homem nos flashbacks da infância de Severo como sendo o pai do personagem e a ligação genética da loucura dos dois. O fato, que não se conecta na obra, acaba funcionando melhor, como um violento impulsionador das paranoias do protagonista.

O desempenho ao abordar o distúrbio foi elogiado pela psiquiatra Iara Czeresnia representante do filme Desculpe, me afoguei, uma realização do Médicos Sem Fronteiras. Czeresnia falou sobre sua experiência com refugiados, no Egito, nos meses de Novembro e Dezembro de 2017, quando recebia, junto a sua equipe, cerca de 900 pacientes por mês vitimas de estupro e tortura. A médica falou sobre a compreensão com aqueles que tentam encontrar no mar a novas possibilidades, mesmo na chance de morte.

Yasmim Dias, diretora de Marias comentou sobre o recrutamento feito pelo Facebook em busca de depoimentos de vitimas de violência domestica onde, rapidamente, encontrou diversas histórias para compor seu filme, acompanhando o relato pessoal dos acontecimentos em torno da morte de sua própria mãe, vítima de feminicídio. Ainda sobre a obra, a realizadora foi questionada quanto ao seu posicionamento com relação à abordagem da mídia sobre o caso. Segundo Dias, a imprensa foi bastante desrespeitosa com relação aos fatos e sua família.

Sobre Abismo, Ivan de Angelis, disse ter ficado surpreso com a reação do público na segunda exibição do seu curta. Angelis mostrou, durante o debate, toda sua preocupação e planejamento na execução do filme. O realizador trouxe como referencias Depois de Horas de Martin Scorsese e Coração Satânico de Alan Parker e argumentou sobre a escolha por não fazer filmes “herméticos”.

Kátia Mesel em foto de Felipe Souto Maior

Kátia Mesel – A realizadora Kátia Mesel conversou sobre a homenagem que recebe do festival e a mostra de seus filmes que acontece no próximo domingo, às 14h, no Cinema São Luiz. Mesel comentou sobre a priorização das obras realizadas em película na seleção daqueles que serão exibidos.

A primeira mulher a participar de um festival de cinema no Brasil disse só ter tido conhecimento deste feito 30 anos após o acontecido e garante nunca ter sofrido machismo na profissão de cineasta, mas, reclamou do preconceito sofrido por realizadores nordestinos.

A diretora, que completa 50 anos de carreira, relatou sobre a produção de Recife de dentro pra fora, feito em 1997, com apenas 5 dias de filmagem, Mesel afirmou sobre a precisão necessária para trabalhar com material analógico. Para a realizadora, fazer cinema continua sendo difícil, mesmo com as novas tecnologias “A profissão mais comum do mundo, hoje, é ser cineasta”, disse, em tom de crítica ao excesso de produção imagens.

Mulheres Alteradas – Luís Pinheiro, diretor de mulheres alteradas recebeu muitas perguntas pelo fato de dirigir um filme sobre o universo feminino. Diante das questões, o realizador respondeu que procura inspiração em sua mãe, esposa e filhas para as personagens e que busca não alimentar o sexismo e reclamou sentir a ausência de personagens negros no próprio filme.

Pinheiro comentou sobre sua preferencia por planos sequencia, o uso de uma única lente em todas as cenas e as referencias ao quadrinho de Maitena Burundarena, no qual a obra é inspirada.

O realizador ainda falou sobre sua experiência com séries de tv que ele chama de “Cinema diluído” e sobre sua próxima estreia Samantha! Da Netflix.

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