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Críticas

Ultravioleta

Vampira motogirl

Por Luiz Joaquim | 07.08.2018 (terça-feira)

– publicado originalmente no jornal Folha de Pernambuco em 28 de abril de 2006

Ultravioleta (Ultraviolet, EUA, 2006) é um filme para ser esquecido e que será esquecido. Ao custo de US$ 30 milhões, temos uma falsa versão, de acordo com a abertura mediocremente adaptada para o cinema, de uma suposta heroína de quadrinhos. A história foi criada pelo diretor Kurt Wimmer e pela modelo Mila Jovovich (O quinto elemento), que protagoniza o filme.

Ela é Violeta, uma espécie de vampira, ou “hemófaba”, que vive num futuro indeterminado, no qual os “humanos não podem compreender”. De fato, é difícil de entender sua missão. “V”, como é chamada, tem de trazer, em sua moto, uma encomenda aos seus semelhantes. Trata-se de uma valise contendo uma criança (!) que poderá exterminar ou, dependendo de como for usada, salvar sua raça de contaminados, encerrando assim a segregação que existe no mundo entre humanos e vampiros.

Transbordando de textura e de efeitos computadorizados, o visual de Ultravioleta parece ter sido concebido por um designer de jogos Nintendo. Quando a heroína materializa armas na mão, quando muda a cor do cabelo e da roupa em minutos como um camaleão, e quando gira seu cinto antigravitacional, ou algo assim, que a faz andar pelo teto ou correr com sua moto pela parede dos prédios parecendo uma lagartixa envenenada, Ultravioleta parece insultar o espectador.

A absoluta irracionalidade das cenas de ação só não é mais falha em suscitar a menor emoção do que o drama desta vampira que quer salvar uma criança (Cameron Bright – especializando-se em interpretar meninos esquisitos, como em Reencarnação), para substituir a perda do filho sofrida num aborto natural.

O respeito pela criança humana contrasta com a carnificina feita por “V”, que, a certa altura, mata 700 soldados para chegar ao vilão mor. Aparentemente sem mais nenhuma nova coreografia de luta para mostrar ao público, vemos (ou melhor, não vemos) o decisivo embate acontecer, literalmente, no escuro. A conclusão que se chega é que Ultravioleta foi concebido com um único fim: ressaltar e perfeição da barriguinha de Jovovich. A única coisa real do filme. Ou não?

 

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