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Críticas

O Paciente Inglês

Uma receita para concorrer a doze Oscars

Por Luiz Joaquim | 09.10.2018 (terça-feira)

— publicado originalmente em 21 de Fevereiro de 1997 no Jornal Folha de Pernambuco.

Os personagens: um conde húngaro, a esposa de um expedicionário inglês, uma enfermeira canadense, um espião italiano e um oficial indiano especialista em desarmar explosivos. O local: as ruínas de um monastério em Toscana na Itália e o deserto do Saara. A época: final da segunda guerra mundial. Misture tudo com uma fotografia definitivamente precisa e delicada; e, por fim, coloque, ao fundo, uma música tão suave de modo que pareça o frescor de um perfume. Pronto, você tem uma obra de arte cinematográfica.

O paciente… é um daqueles filmes que remete o espectador aos clássicos, aos épicos, aos dramas românticos maravilhosos que o cinema produzia. Não se trata de um filme que apela para o susto, ou para o exagero, com fim de despertar a atenção de quem o assiste. Trata-se de trechos da vida de cinco pessoas que, forçosamente, são entrelaçadas.

A maneira como o diretor Anthony Minghella nos mostra o envolvimento desses personagens merece uma cuidadosa atenção, pois são através de flash-backs, com idas e vindas no tempo, que vamos descobrir o porquê de tão intensa estória. A apresentação dos personagens ao espectador funciona tão bem que, de uma forma crescente – sem atropelos e ansiedade – vamos nos familiarizando com cada um deles e, vamos desejando conhece-los melhor. Os atores tem fundamental importância nesse fator.

A personagem da atriz Kristin Scott Thomas (mais conhecida por trabalhos nos filmes ‘Lua de fel’ e ‘Quatro casamentos e um funeral’), a esposa do expedicionário inglês, é tão forte, tão aberta, frágil, feminina, sensual, positiva, confiante, que torna-se difícil não ficar apaixonado. Juliette Binoche (‘A liberdade é azul’, ‘A insustentável leveza do ser’, ‘Sangue ruim’; ‘Perdas e danos’ e muitos outros), faz da enfermeira canadense uma figura cândida e delicada que mais lembra uma menina que uma mulher Ralph Fiennes (‘A lista de Schindler’, ‘Quiz show’) é o conde húngaro mais triste e ensimesmado da história do cinema.

Sua interpretação é seca e correta, não dando margem a contradição na personalidade do conde, dentro do contexto em que vive o personagem. Falta, ainda, falar da interpretação dos atores Willian Dafoe, o espião, e Naveen Andrews, o oficial indiano; devo sugerir, ao invés de comentar, ao leitor dessa humilde resenha, assistir ao filme, mas assisti-lo possuído por um espírito de aventura e deixar-se envolver pela sensível aura que rodeia os protagonistas da película.

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