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Críticas

Pequeno Dicionário Amoroso

Um romance nacional verdadeiramente romântico.

Por Luiz Joaquim | 24.10.2018 (quarta-feira)

— publicado originalmente em 03 de Abril de 1997 no Jornal do Commercio.

Sandra Werneck é a diretora desse sucesso nacional. O filme é fundamentado no argumento mais conhecido de todos os tempos do cinema: uma história de amor. Só por esse detalhe Werneck merece elogios por transformar uma estória, aparentemente, desgastada em sucesso de público. Outro detalhe: o filme é brasileiro e o sucesso está acontecendo com os céticos espectadores brasileiros.

A diretora foi de uma perspicácia brilhante quando peneirou sentimento comum a todos – a dependência mutua, afetiva ou não, entre homens e mulheres – com uma linguagem nacional. O que escutamos na tela são brasileiros falando para brasileiros, e de maneira acessível, sem pretensões internacionais.
Outro fator que contribui para a identificação imediata do público com o que é exibido reside no simples fato de que: dentro de um universo tão rico de situações que Werneck coloca no filme entre o casal protagonista, nós, observadores, lembramos, automaticamente, de sentimentos semelhante pela qual vivemos. A força dessa identidade, de quem assiste o filme, com Luiza (Andréa Beltrão) e Gabriel – “igual ao anjo” ele diz – (Daniel Dantas), é tão poderosa que tornamo-nos seus companheiros de tristeza e alegria ao passo em que as tragédias e as felicidades acontecem na tela.

O filme conta com participações de atores especiais abrilhantando ainda mais a produção. José Wilker (o advogado que trata da separação do primeiro casamento de Gabriel), Glória Pires (a ex-esposa de Gabriel) e Marcos Winter (irreconhecível, como o maluco da boate insinuando-se para Luiza fragilizada). Temos, ainda, a participação de Tony Ramos (o solteirão inabalado, amigo de trabalho de Gabriel) e Mônica Torres (a auto-suficiente amiga de Luiza).

O filme foi feliz também no seu título, que resume a forma como nos é apresentada a estória do casal. Sempre a partir de uma palavra, em ordem alfabética, e seguida de um exemplo vivo daquela palavra. Fico imaginando o trabalho que esse brasileiríssimo filme daria aos tradutores estrangeiros.
O Roteirista, José Roberto Torero, mostrou-se ser um nome para guardar com o cinema nacional. Ele também preparou o roteiro de Brevíssima história de gente de Santos, que participou da mostra competitiva do 1° Festival Nacional de Cinema do Recife (naquele ano), levando o troféu “o passista”, pela categoria de melhor roteiro em curta metragem produzido em 35mm.

Não há dúvidas. Quem for assistir ao filme que ganhou prêmio no festival de cinema de Brasília, não vai se arrepender. Se não é apresentado nada de tão profundo, ao menos umas boas gargalhadas são arrancadas do espectador.

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