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Festivais

13º Cine Ceará (2003) – Abertura

Saiba como foi o 13º Cine Ceará, com homenagens a Walter Lima Jr. e revisão da obra de Roberto Rossellini

Por Luiz Joaquim | 06.05.2020 (quarta-feira)

– texto originalmente publicado no Jornal do Commercio (Recife), em 7 de maio de 2003. Na foto, Cláudia Abreu e Murilo Benício em O homem do ano, de José Henrique da Fonseca.

Com apenas uma semana de distancia do encerramento do 1º Cine PE – Festival do Audiovisual [nota do autor: na verdade seria a 8ª edição do Festival de Cinema Nacional do Recife que, naquele ano, mudou de nome para Cine-PE. Entenda clicando aqui] Fortaleza dá partida, hoje [7/5/2003], ao 13º Cine Ceará – Festival Nacional de Cinema e Vídeo.

A pequena distância temporal entre os dois eventos, principais do gênero no Nordeste, põe em questão a tão atribulada agenda dos festivais de cinema no País. Com datas tão próximas, fica difícil oferecer muita variação de títulos (mesmo assim, o Ceará ainda conseguiu repetir apenas dois longas-metragens que estiveram no Cine PE) Não há, entretanto, nenhuma dúvida acerca do valor dessas mostras uma vez que, além de agitar culturalmente a região, ajudam, num sentido mais amplo, a ‘P’ensar o cinema.

Nesse quesito, o encontro cearense desse ano leva vantagem sobre o pernambucano. Além da versão 2003 promover a projeção de 26 longas (estando sete deles em competição), o 13° Cine Ceará homenageia Renzo Rossellini, por seu trabalho à frente da fundação italiana que leva o nome de seu pai: Roberto Rossellini. O cineasta, a propósito, ganha aqui uma mostra com os clássicos Roma Cidade Aberta (1945); Alemanha Ano Zero (1947/48); De Crápula a Herói (1959); Stromboli (1949) e mais dois curtas documentais rodados por esse que é considerado o pai do neo-realismo italiano. Ainda dentro do assunto, acontece debate sobre o painel Neo-realismo e Cinema Novo, com participação do próprio Renzo Rossellini. Os filmes cinemanovistas que ilustrarão o debate são A grande feira (1961) de Roberto Pires, e o igualmente valioso Os fuzis (1964), de Ruy Guerra.

Quem também ganha homenagem em Fortaleza é Walter Lima Jr. Dono de uma filmografia delicada e de rara importância nas últimas quatro décadas da história do cinema brasileiro, WLJR verá uma retrospectiva de quatro de suas obras – A lira do delírio (1973); Inocência (1983); Ele, O Boto (1987); e A ostra e o vento (1997). Encerrando a mostra, será exibido o vídeo Walter.doc, de  Beth Formaggini e Luis Felipe Sá, sobre o pensamento, o processo de trabalho e a história de vida do cineasta. Antes disso, nesse domingo, Carlos Alberto Mattos lança o livro Walter Lima Jr. – Viver Cinema. E o diretor ainda contribuirá com o 13° Cine Ceará (numa atividade pós-festival) ministrando a oficina O ator e a câmera.

COMPETIÇÃO – O longa que abre o evento hoje a noite, em exibição hor-concours no Cine São Luiz, centro de Fortaleza, é o inédito O homem do ano, de José Henrique da Fonseca. No elenco, Murilo Benício, Cláudia Abreu, José Wilker, Mariana Ximenes e Lázaro Ramos (de Madame Satã) dão vida à história de um homem que vira assassino e herói de toda uma cidade graças a uma boba brincadeira. Outro filme que vai dar o que falar, pelo ineditismo e pelo pedigree, é O prisioneiro da grade de ferro (Auto-retratos), que exibe encerrando o evento, no dia 13. Com esse trabalho, Paulo Sacramento venceu a competição do recente É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.

E os cearenses verão Amarelo Manga, de Cláudio Assis, antes que os pernambucanos. O filme de Claudão concorre ao prêmio de R$ 15 mil com outros seis títulos: À margem da imagem, de Evaldo Mocarzel, As tranças de Maria, de Pedro Carlos Rovai, Cama de gato, de Alexandre Stockler, Meu tempo é hoje – Paulinho Da Viola, de Izabel Jaguaribe, Narradores de Javé, de Eliane Caffé, e Seja o que Deus quiser!, de Murilo Salles. Na categoria curta-metragem, concorrem 26 trabalho pelo prêmio de R$ 5 mil. Outras dezenas de recentes produções em vídeo também brigam pelos R$ 3 mil oferecidos pelo evento. O Cine Ceará acontece graças a Universidade Federal do Ceará, através da Casa Amarela Eusélio Oliveira e do Sistema Verdes Mares de Comunicação, com o apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura.

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