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Festivais

15º CineOP (2020) – Fotografação

Revisão da nossa imagem, pelo olhar de fotógrafos que fizeram e ainda irão fazer o registro de quem somos

Por Luiz Joaquim | 07.09.2020 (segunda-feira)

– acima, fotografia de Marc Ferrez, que ilustra o documentário Fotografação.

É particularmente comovente ouvir a fotógrafa Maureen Bisilliat comentar as imagens criadas por Marcel Gautherot no filme Fotografação (Bra., 2019), de Lauro Escorel. Documentário que compõe o programa ‘Preservação’ da 15º CineOP: Mostra de Cinema de Ouro Preto – disponível gratuitamente até às 23h59 de hoje (7) no site do evento.

No filme, ao introduzir Gautherot ao seu espectador, Escorel explica que, talvez, ele tenha sido o “fotógrafo que mais se aproximou da ‘fotografação’ do Brasil preconizada por Mário de Andrade” décadas antes. O filme também contextualiza o conceito proposta pelo autor modernista e estabelece para si uma atualização do que poderia significar a fotografação na segunda década do século 21, quando 93 milhões de selfies sobem para as redes diariamente e 154 bilhões (bilhões) de imagens digitais que são postadas na Internet.

O que há por trás disso? Qual o sentido da fotografia hoje? As perguntas formam o ponto de partida do qual Escorel dá os primeiros passos para estruturar o documentário, sem encontrar respostas definitivas a elas. E nem poderia. Arte não é ciência, afinal, e o que importa são as reflexões e revisões que seus personagens – além de Bisilliat, Boris Kossy, Milton Guran, Joaquim Marçal, Alex Baradel, Flávio Damm, Milton Guran e outras autoridades absolutas no campo da fotografia – fazem sobre a obra e a trajetória de gigantes como Gautherot, Christiano Júnior, Marc Ferrez, José Medeiros, Augusto Malta, Pierre Verger, Hildegard Rosenthal e Augusto Stahl, entre outros.

São alguns dos nomes fundamentais, ao longo dos quase 200 anos de história recente, que ajudaram a fixar a imagem do Brasil para o brasileiro e para o estrangeiro, desde a confecção da primeira fotografia registrada em solo nacional, num 16 de janeiro de 1840.

A propósito, o alsaciano Augusto Stahl, conta Joaquim Marçal, da Biblioteca Nacional, se estabeleceu no Recife no século 19 e, entre outras, fez diversas imagens do Imperador D. Pedro II chegando à capital pernambucana. Suas fotografias foram parar na revista francesa L’Illustration, o primeiro jornal do mundo a usar fotografias.

Mas, de volta a Fotografação, Escorel também apresenta aqui, nessa revisão da imagem do Brasil por esses nomes essenciais, o quanto de sua própria obra no cinema brasileiro (como diretor de fotografia) – entre elas os fundamentais São Bernardo; Coronel Delmiro Gouveia, Bye Bye Brasil; Eles não usam black-tie; Quilombo, Brincando nos campos do senhor (só para ficarmos nos citados em Fotografação) bebeu na fonte do olhar dos icônicos fotógrafos.

O diretor decide fechar o filme com as palavras esperançosas de Bisilliat, ao dizer que além da febre de selfie que assola o mundo, há também um real encontro dos jovens em função da fotografia e, nesse sentido, um Brasil se revela. Escorel assume, portanto, que, assim, a sua própria maneira de encarar a fotografia também cresce, amplia-se. Não há melhor forma, no final das contas, de encarar o que está por vir.

É bonito.

 

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