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Reportagens

Ensaios do ‘Scratches and Glitches’ em português

Livro sobre preservação e exibição de filmes ganha ensaios traduzidos pela Abraccine

Por Luiz Joaquim | 07.11.2022 (segunda-feira)

– com informações da assessoria da Abraccine.

O projeto Abraccine Traduções publica novos textos. Desta vez, são apresentados dez ensaios  inéditos em português que fazem parte do livro Scratches and Glitches – Observations on Preserving and Exhibiting Cinema in the Early 21º Century.

Publicado em 2021 pelo Filmmuseum Synema Publikationen, o livro tem autoria de Jurij Meden, curador do Austrian Film Museum, e traz uma importante reflexão sobre os novos formatos de exibição e distribuição, sem demonizá-los.  Algumas de suas afirmações, talvez sejam polêmicas.

Jurij Meden enxerga o cenário com “arranhões” e “lacunas” e aprofunda discussões sobre a necessidade da preservação e restauração de filmes. Ele lembra que o próprio 35mm não é original, havia outros dispositivos anteriores e ela, a película 35mm, foi aceita, padronizada como de excelência, mas antes não representava um padrão.

Em entrevista disponível no youtube (veja aqui), Meden, que também é crítico e pesquisador, defende a  tese, baseado em Adorno, de que quando algo se torna obsoleto, é levado para fora  da economia e não podemos, no cinema, separar arte de entretenimento. É quando algo se torna obsoleto que começamos a pensar no que realmente perdemos.

Em trechos da entrevista,  Jurij Meden (aqui em livre tradução) comenta aspectos discutidos no livro e que foram contemplados pelas traduções da Abraccine, como estes:

– Somos aterrorizados pela ideia de perdermos alguma coisa. Lutamos ferozmente para não perder.

– A história do cinema é cheia de lacunas/gap, de filmes que foram perdidos. Pergunto, no livro, qual o problema com o gap? Por que devemos atribuir valor moral ao gap? Do ponto de vista do arquivista, não, mas do ponto de vista da filosofia, o gap pode ser positivo. Se nós, como seres humanos, lembramos de tudo, todas as coisas, seria impossível escrever a história, com cada detalhe. Porque não saberíamos o que é mais importante e menos importante. Gaps são fundamentais para construir histórias. Às vezes um gap é mais memorável e mais bonito [ele dá o exemplo do filme perdido do The other side of the moon, de Orson Welles]. Ler textos sobre o filme foi mais legal e memorável.

– Não tenho nada contra streaming, nada contra filmes online. Amo streaming. Deixe os gigantes tomarem conta da história do cinema. Vejo grandes cineastas recuperados pela Netflix.

O que: Scratches and Glitches – Observations on Preserving and Exhibiting Cinema in the Early 21st Century

De:   Jurij Meden

Artigos do livro traduzidos por críticos associados da Abraccine:

1 – Uma era de guerra civil planetária ou o que é que queremos conservar e por quê? (Tradução: Luiza Lusvarghi)

2 – O mito da tela grande ou Sobre as forças que impulsionam a transição, desde o Cinetoscópio, passando pelo Cinematógrafo e chegando à Netflix (Tradução: Carlos Primati)

3 – A semelhança entre o aquecimento global e a revolução digital ou Uma parábola sobre restauração de filmes (Tradução: Carlos Primati)

4 – Exibição de Filme vs. Projeção de Filme ou Sobre a Experiência Cinematográfica Autêntica (Tradução: Bruno Carmelo)

5 – O próximo estágio da interpassividade ou A impotência da cinemateca virtual (Tradução: Camila Vieira)

6 – Entre o Conhecimento e a Fé ou Curador como Karamazov (Tradução: Camila Vieira)

7 – Como barganhar com um detentor de direitos autorais ou Conselho prático para jovens programadores em cinema (Tradução: Renato Cabral)

8 – Stalinismo não é socialismo ou Capitalismo não é liberdade (Tradução: Humberto Silva)

9 – Uma Lista com um Propósito ou um Elogio à Curadoria Despreocupada – Parte 1 (Tradução: Letícia Magalhães)

10 – Políticas da Cultura contra Cultura das Políticas – um – Elogio à Curadoria Despreocupada – Parte 2 (Tradução: Letícia Magalhães)

Para acesso aos textos, clique aqui

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