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Festivais

19o Cine Ceará (2009) – noite 4

Curtas-metragens conquista público no 19 CineCeará

Por Luiz Joaquim | 01.08.2009 (sábado)

FORTALEZA (CE) – Faz frio no Ceará. Explica-se. Já há vários anos, o Centro Cultural Sesc Luiz Severiano Riberio, o Cine São Luiz, sedia a mostra competitiva do Cine Ceará, este ano em sua 19ª edição. Já estava também se tornando tradicional o calor dentro do templo cinematográfico na praça do Ferreirta, no centro da cidade. Acontece que a primeira notícia disseminada para quem vem ao festival é a de que agora era preciso uma agasalho para suportar as sessões na sala de cinema.

Na noite de sexta-feira, 3ª noite da mostra competitiva, a produção já entendera o problema e fizera uma regulagem humana para a temperatura no ambiente, de modo a ficar agradável, mas isso com a sala cheia, como foi o caso no início da sessão do tal dia. A exibição de quatro curtas-metragens foi contemplada com a interação da platéia que naturalmente revelou sua empatia pelo humorado filme mineiro de Gilberto Scarpa, “Os Filmes que Não Fiz”, que na verdade está chegando ao encerramento de sua vida pelos festivais brasileiros, tendo iniciado no 12º Cine PE (Recife, 2008).

Scarpa contou, em entrevista coletiva na manhã de hoje, que seu novo projeto chama-se “O Filme Mais Violento do Mundo”, com o mesmo ator, Maurício Tzumba, que está em “Os Filmes que Não Fiz”, na verdade protagonizando o episódio de “O Tradutor”. Instigado por uma pergunta de um periodista urugaiano sobre distinções e intenções para um longa-metragem, Scarpa disse que deseja fazer um longa sim, mas este será determinado pelo dinheiro e duração. “Quero fazer um filme entre 700 mil e 1,5 milhão de Reais; e vai durar 75 minutos. Depois penso no tema”, anunciou sorrindo.

O curta que abriu a noite foi o paulista, “Flores em Vida”, bonito documentário de Rodrigo Marques e Eduardo Consonni, enfocando a vida de Lázara Cristal, um senhora simpática e animada de 93 anos que trabalha numa floricultura improvisada no bairro Mirandopólis. O filme (digital) rendeu poeticas imagens, mas a projeção foi prejudica com um som incompreensivel, comprometendo o que poderia haver de envolvente nesse aspecto.

A animação carioca, apesar da temática, “Josué e o Pé de Macaxeira”, de Diogo Viegas, apresenta uma adaptação para a realidade nordestina da fábula “João e o Pé de Feijão”. Com traços forte e de personalidade, a animação tem muito bom ritmo e, sem diálogoso, traz uma trilha-sonora presente, sem ser invasiva; na verdade, mais pontuante na narrativa do que qualquer outra coisa. Viegas, ausente no debate, fez um trabalho interesante para a criançada se formos lembrar numa das ideologias do educador Paulo Freire, na qual o jovem deve aprender identificando sua realidade nos exemplos que recebe.

Petrus Cariry fez a segunda por aqui a segunda exibição de seu curta “A Montanha Mágica” (a primeira foi no Cine Guarnicê). Durante a projeção imagina-se que Petrus partira da descoberta da existência de um Super-8 dos anos 1980 para desdobrar o novo curta. Neste Super-8 ele próprio aparece, criança, num parque de diversões amparado por Patativa do Assaré. Esta imagem só surge ao fim de “A Montanha Mágica”, que é iluminado por lindas imagens feitas pelo fotógrafo Ivo Lopes Araújo daquele mesmo parque, mas nos dias de hoje, enquanto a voz de Petrus, em off, solta suas impressões de hoje e de ontem sobre aquele cenário.

O diretor explicou hoje que náo verdade aconteceu o inverso na concepção do filme: “Só conheci essa imagens em Super-8 em 2007, quando meu pai fazia uma filme sobre o Patativa do Assaré. A partir daí comecei a repensar o `Montanha Mágica` e ele ganhou uma nova dimensão”, explicou, claramente emocionado, ao lembrar do poeta cearense, que também era seu padrinho. “Para mim, parece que ele não morreu”.

LONGA-METRAGEM
O único longa exibido na sexta-feira foi docudrama “Haroldo Conti: Homo Viator” (do latim, homem que viaja). Vindo da Argentina, realizado por Miguel Mato, o filme resgata para a geração de hoje a história literára e política, mas sem tons saudosistas de Conti (1925-1976?), que foi sequestrado pela ditadura argentina em 1976 e nunca mais foi visto.

Filme abre com homenagem interessante feita por Mato mostrando Conti saindo de uma sessão de “O Poderoso Chefão” enquanto imita Marlon Brando. Quem interprete Haroldo é o ator Dario Grandinetti.

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