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Estilo ou limitação?

Câmera clara 192

Por Luiz Joaquim | 22.01.2010 (sexta-feira)

Não há como, e não se deve, amarrar em camisa de força o cinema. Sua linguagem, infinita em suas possibilidades como qualquer linguagem, só será enriquecida na medida em que ela seja dinâmica na organicidade de sua trajetória. Mesmo assim, vendo um trabalho como “A Fita Branca”, de Michael Haneke, (em cartaz no Cinema da Fundação) tão bem articulado do ponto de vista do enredo e de sua narrativa, e lembrando do mineiro “Mulher à Tarde”, no tempo particular de Affonso Uchoa (tomo este filme apenas como exemplo, sem julgamento de valor), exibido em janeiro na Mostra de Cinema de Tiradentes, pensamos em como alguns jovens cineastas, que apropriassem dessa liberdade narrativa que o cinema disponibiliza, parecem limitados. Digo limitados porque é difícil imaginar um filme de Uchoa (o cito como poderia citar os Irmãos Pretti, Gustavo Spolidoro ou outros) com o mesmo dinamismo de Haneke. Alguém pode dizer que se trata de uma questão de estilo. Que Haneke faz do jeito que faz porque quer fazer assim e da outra forma não o interessa; e os outros fazem de seu jeito pelo mesmo motivo. A situação, entretanto. remete a uma questão: Será que eles fazem apenas por opção ou há algum indício de incapacidade por trás disso? Haneke conseguiria fazer “Ainda Orangotangos”? Spolidoro teria estofo para construir um “A Fita Branca”? Não é uma acusação. São apenas elucubrações.

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GIGANTE SUBTERRÂNEO
O pernambucano Ademir di Paula está com tudo e não está prosa. Depois de seu hit na internet “Ataque de Pânico 2”, ele postou agora no Youtube o curta “A Menina e O Gigante”. Nele sabemos que 38 naves espaciais invadiram o Brasil em apenas 24 horas, e a menina Ane (Camila Paloma), que sempre sonhou com um gigante acha que só ele pode salvar a situação. O mais impressionante é como o vídeo de oito minutos cativou os internautas. Postado terça-feira passada, tinha, até sexta-feira, sido visto por mais de 193 mil usuarios. O sucesso foi tanto que Ademir nos conta que foi até contactado pela Wooshii, empresa norte-americana que elege os 200 trabalhos mais criativos do mundo. Para assistir é só procurar pelo título: “Exclusivo: gigante de 70 metros encontrado debaixo da terra no Brasil”, no Youtube.

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OSCAR 2010
A organização da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pela festa do Oscar (7 de março) aconselharam, semana passada, os concorrentes a dividir seu discurso em dois momentos. Um na frente das câmeras, ao vivo para bilhões de telespectadores, quando poderão dizer em até 45 segundos a importância do prêmio para eles, e outro logo depois, nos bastidores (para câmeras da Internet), quando poderão fazer agradecimentos formais. Pesquisas apontam alguns discursos como os momentos mais chatos da cerimônia. A edição 2010 promete realmente ser diferente.

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GODARD SOBRE ROHMER
A mítica Cinemateca Francesa, em Paris, agora em fevereiro, fez uma surpresa a seus frequentadores com uma homenagem à memória de Eric Rohmer, falecido dia 11 de janeiro. A principal surpresa foi a descoberta de um curta-metragem de Jean-Luc Godard feita para a ocasião. Sobre tela preta, palavras do mais famoso artigo de Rohmer feito para a Cahiers du Cinéma aparecem uma sobre a outra. Numa voz em off, escutamos Godard evocando imagens da memória, quando ele e Rohmer, ainda jovens, conversavam à noite inteira, na cozinha da mãe de um deles, enquanto preparavam comida e falavam de cinema. Quem viu o filme, disse que raramente ouviu Godard falando de coisas tão pessoais e de forma tão simples e tão exposta. O filme encerra com uma furtiva imagem do cineasta para a câmera.

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