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Festivais

14° Cine-PE (2010) – noite 4 (cobertura)

Recife Quente no Cine-PE

Por Luiz Joaquim | 30.04.2010 (sexta-feira)

A noite de quinta-feira do 14ª Cine-PE: Festival do Audiovisual viu um Cineteatro Guararapes lotado de fãs do gênero musical brega recifense. Isso porque era a noite de estréia do curta digital “Do Morro?”, de Mykaela Plotkin e Rafael Montenegro, sobre o fenômeno João do Morro, figura que também é um dos personagens de “Faço de Mim o Que Quero”, de Sérgio Oliveira e Petrônio Lorena.

A cada aparição do ídolo, metade da platéia gritava e sorria com a irreverência do cantor, ou com a imagem dos fãs em shows, rebolando na tela, como se rissem de si próprio. Entremeado com depoimentos de jornalistas, teóricos, produtores culturais e do próprio cinebiografado a respeito do seu trabalho musical, o documentário seguia no tradicionalismo do formato. Mas revelou um paradoxo interno na platéia do Cine-PE, por conta de um depoimento do respeitado crítico de música de Pernambuco, José Teles. O jornalista foi taxativo: “A classe média de hoje consome merda. Adora Ivete Sangalo e seus derivados”, e recebeu aplausos.

Se houvesse um medidor de aplausos, certamente indicaria que “Faço de mim…” recebeu a mesma nota de “Recife Frio”, de Kleber Mendonça Filho. Considerando isso, pode-se dizer que houve um equívoco na sequência da programação do festival em apontar “Azul”, de Eric Laurence (filme mais intimista e introspectivo) após “Faço de mim…”. Depois do calor provocado pelo curta de Oliveira e Lorena, quase metade do público se retirou, deixando “Azul” mais esvaziado.

Cativando o espectador com seu quarto longa-metragem, “As Melhores Coisas do Mundo”, Laís Bodanzky subiu ao palco do Cineteatro para apresentá-lo lembrando que bacana mesmo era ver filme no cinema, e não em DVD. Depois de “Chega de Saudade” (2008), ela retornou ao universo juvenil por onde transitou com “Bicho de 7 Cabeças” (2000).

Desta vez seu protagonista é Mano (o ótimo Francisco Miguez). Ele tem 15 anos, é virgem, vivencia a traumática separação dos pais e tem um instável irmão de 17 anos, interpretado por Fiuk, conhecido entre os adultos como o filho de Fábio Jr., e pelas adolescentes tietes do Cine-PE como o homem mais lindo do mundo.

Bodanzky nos dá aqui um extremo bem acabado filme do ponto de vista técnico, dramático e narrativo. É, como disse alguém na platéia, um filme de gente grande. Mas as situações pelas quais Mano é obrigado a amadurecer, e sua postura diante delas no enredo, não agradaram a todos. Vale lembrar outras boas obras recentes nacionais sobre a juventude: “Houve Uma Vez Dois Verões” (2002), de Jorge Furtado, e “Antes que O Mundo Acabe” (2010), de Ana Luiza Azevedo. Curiosamente, dois trabalhos gaúchos. O filme de Bodanzky estréia próxima sexta-feira nos cinemas.

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