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Críticas

O Último Mestre do Ar

Sobre o frágil Avatar de Shyamalan

Por Luiz Joaquim | 20.08.2010 (sexta-feira)

Quando fez “A Dama na Água” em 2006, o diretor indiano M. Night Shyamalan anunciou, para quem quis ouvir, que tinha realizado o filme a partir de um conto de ninar que ele criara para seus filhos. Do ponto de vista familiar, foi bacana, mas quando envolveu o resto do mundo nessa malfeita brincadeira pessoal, a coisa complicou. O filme foi um fracasso e empurrou a a carreira do diretor dos bons “O Sexto Sentido” (1999) e “Sinais” (2002) para baixo. Complicou também agora com seu novo em cartaz “O Último Mestre do Ar” (The Last Airbander, EUA, 2010), primeiro filme que faz adaptado de um obra já existente. No caso, a animação “Avatar: The Last Airbander”, exibido pelo canal Nickleldon a partir de 2005.

Antes que façam pararelo com os avateres magricelos azuis de James Cameron, o avatar de Shyamalan é de outra realidade. E o nome “Avatar” não aparece no título porque Cameron já havia registrado antes, achando a Paramount evitar usá-lo para não causar problemas. Bem, o problema já está criado, pois estamos aqui explicando a diferença entre um e outro. O Avatar de Shyamalan é único, e não vários. Ele é um menino monge chamado Aang (Noah Ringer) que foi encontraro congelado há mais de 100 anos pelos irmãos Katara (Nicola Peltz) e Sokka (Jackson Rathbone), a dupla são Dominadores de Água e acreditam que Aang é o último Dominador do Ar que sobreviveu.

Mas o inimigo que vem da Nação do Fogo, Príncipe Zuko (Dev Patel, de “Quem Quer ser Milionário?”) descobre que Aang na verdade é um Avatar, ou seja, que ele domina os quatro elementos: água, ar, terra e fogo. Tudo, daí em diante, gira em torno de ter Aang ao seu lado, pois Zuko comanda uma guerra neste mundo imaginário com intenção de dominar as quatro nações delimitadas pelos quatro elementos, a saber: Nação do Fogo, Tribo da Água, Reino da Terra e Nômades do Ar.

Não há aqui nada tão extraordinariamente mais alucinado ou menos asneirento que em outras recentes fábulas cinematográficas cujo guarda-roupa leva a outra dimensão ou o trêm do metrô leva para uma escola de bruxos. Mas “O Último Mestre do Ar” não funciona, entre outros motivos, porque há uma megalomania na dramaturgia que não condiz que a fraca ação que se vê na tela. Shyamalan parece não ter percebido que não há como envolver e emocionar com um filme apenas pela carga pesada de efeitos digitais CGI. E para piorar, o filme foi, às pressas, adaptado para exibir em 3D-Digital, mas sem nenhuma, repito, nenhuma necessidade dramática.

Atores, todos, também surgem caricatos principalmente o moleque de 12 anos que interpretar Aang. Apesar do esforço de ator mirim, não dá pra entrar na seriedade que ele quer passar com as mungangas que faz com os braços para o seu Tai Chi Chuan que espirra água ou fogo, ou levanta pedras enquanto sua careca com a indicação de uma seta “siga em frente” fosforescente ascende. É difícil. E o pior vem agora. Shyamalan assinou um contrato com a Paramount que garante mais duas sequências. A primeira, ele disse, já tem um roteiro pré-desenhado, e será mais obscuro, com foco na vilã Azula (Summer Bishil), irmã de Zuko. Já o terceiro filme será melhor balaceado entre o bem o mal.

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