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Festivais

43o. Festival de Brasília (2010) – noite 7

Lordello dá luz ao invisível

Por Luiz Joaquim | 30.11.2010 (terça-feira)

Brasília (DF) – Encerrando na noite de ontem (29) a mostra competitiva do 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o documentário pernambucano em longa-metragem “Vigias”, de Marcelo Lordello, desenhou o retrato de um universo parcialmente invisível para quem vive em condomínios. Como explicita seu título, o filme observa o cotidiano de alguns porteiros noturnos de edifícios no centro urbano do Recife através de uma câmera (e sons) que flagram tanto a carga física dessa posição, quanto a carga humana, em contraponto à classe média urbana.

Este projeto de Lordello, que esteve em Brasília 2008 com seu curta-metragem “No. 27”, resultou do desdobramento de um trabalho inicialmente feito por meio do concurso de roteiros Rucker Vieira, da Fundação Joaquim Nabuco (contemplando-o com R$ 40 mil, menos impostos). Trabalho originalmente com menor duração.

Com a extensão da duração do filme, Lordello, em entrevista hoje (30/11) pela manhã, destacou que “Vigias” ganhou mais consistência do ponto de vista de propor referências sensoriais a respeito da função do profissional sob foco. “O peso do tempo ganhou destaque, possibilitando entender mais a experiência do vigia durante uma madrugada”, disse.

Numa edição de Brasilia na qual a questão mais comentada (e vista) por aqui foi a fronteira entre a idéia de fronteira entre ficção e documentário, “Vigias” talvez tenha sido o que se apresentou menos contundente nesse ponto. O tema em “Vigias” parece mais forte que possíveis experimentações ou inovações estéticas ali (também louváveis, diga-se de passagem). Essa opção, entretanto, não desqualifica em nada o projeto, mas o fez passar mais discretamente pela platéia e crítica deste festival.

Ainda na noite de segunda-feira, a exibição da animação “O Céu no Andar de Baixo”, do mineiro Leonardo Cata Preta, foi quase uma unanimidade em sua capacidade de sugar o espectador para dentro de um universo lúgubre e melancólico do rapaz com sua deficiência física que o obriga a olhar para o chão e encontra nas fotografias que faz do céu uma razão para tornar sua existência mais suportável. A sessão foi acompanhada também pelo curta carioca “Custo Zero”, de Leonardo Pirovano.

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