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Festivais

83º Oscar (2011) – premiação

Festa sem surpresas

Por Luiz Joaquim | 28.02.2011 (segunda-feira)

Na 83ª cerimônia de entrega do Oscar, ocorrida na noite de domingo no Kodak Theatre, em Los Angeles, “O Discurso do Rei” foi consagrado como o melhor filme, tendo levado outros três prêmios cobiçados: o de direção para Tom Hooper, o de ator para Colin Firth, e o de roteiro original para David Seidler. O drama humorado sobre o rei inglês George IV, que tenta vencer sua gagueira, empatou em número de prêmios com o pirotécnico “A Origem”, dono, desde domingo, de outras quatro estatuetas, no caso, em categorias técnicas: fotografia (Wally Pfister), efeitos especiais, mixagem e edição de som.

Muito provavelmente os infinitos “bolões” para ver quem mais acertava na competição não tiveram tanta graça dessa vez, pois, de uma maneira geral, esta foi uma das edições mais previsíveis dos últimos anos; mesmo para os leigos. Da atuação visceral e precisa de Natalie Portman em “Cisne Negro”, eleita melhor atriz, e passando pela performance sanguínea e fisicamente transformada dos coadjuvantes oscarizados Christian Bale e Melissa Leo (ambos por “O Vencedor”), não houve surpresas na festa.

Outra barbada foi a eleição de “Toy Story 3” como melhor animação, sem dúvida o mais maduro (o único?) da franquia com Woody e Buzz. O filme também concorria ao título de melhor filme do ano. Outros dois prêmios que foram ao lugar certo foram o de figurino e direção de arte pois, apesar de insosso, “Alice no País das Maravilhas”, de Tim Burton, oferecia ótimas soluções para estes dois requisitos. Basta lembrar dos rearranjos nas roupas da Alice encolhida e depois na Alice gigante.

E “A Rede Social”, um dos mais badalados filmes do ano, foi reconhecido pelo roteiro adaptado do livro, com razão, em função dali resultar um filme de concisão, explanação e ritmo envolventes. Ficou também com prêmios por montagem e trilha sonora, este último talvez sendo sua conquista mais fácil, considerando os fracos concorrentes, assim como ele próprio. Na maquiagem, o veterano Rick Baker – vencedor do primeiro Oscar dessa categoria por “Um Lobisomem Americano em Londres”, 1982 – foi lembrado pelo fraco “O Lobisomem”, com Benício del Toro.

Entre os documentários, ganhou o ótimo longa-metragem de Charles Ferguson, “Trabalho Interno”, que analisa minuciosamente as razões da bolha econômica mundial ter estourado, gerando uma crise no planeta, e como seus culpados, uma meia dúzia de executivos norte-americanos, se safaram com a benção do governo Bush. Na cerimônia, ao receber o prêmio, Ferguson lamentou: “Estamos a três anos dos episódios e não há nenhum executivo preso”.

O mezzo brasileiro “Lixo Extraordinário” não foi lembrado.
Entre os curtas-metragens concorrentes, venceram “Strangers no More”, documentário de Karen Goodman, e a ficção “God of Love”, de Luke Matheny. O melhor filme estrangeiro eleito foi o dinamarquês “Em Um Mundo Melhor”, de Sussane Bier.

A CERIMÔNIA
Assim como a premiação não espantou ninguém, a cerimônia também quase não provocou surpresas. O espetáculo foi morno a começar pelos mestres de cerimônia, James Franco (que concorria por “127 Horas”) e Anne Hathaway. Não por esta última, que estava linda, brincalhona e à vontade, aparecendo com um novo vestido a cada novo bloco da cerimônia. Franco, por sua vez, manteve o mesmo sorriso amarelo por todo o evento, sob uma postura torcicolo bem desinteressada no que acontecia. Era talvez um misto de nervosismo e desdém.

Para contrabalanceá-los, surgiu o ótimo Billy Crystal para lembrar do melhor mestre de cerimônias que o Oscar já teve: Bob Hope (1903-2003), que esteve a frente das apresentações por 18 vezes, inclusive na primeira delas transmitida pela TV em 1952. Numa projeção especial, a produção do evento “colocou” Hope dividindo o palco do Kodak com Crystal e ainda o fez chamar ao palco Robert Downey Jr e Jude Law.

A graça de Hathaway foi lembrada por uma dos momentos mais emocionante da noite, com a entrada da lenda viva Kirk Douglas, aos 94 anos, para anunciar a atriz coadjuvante. Esbanjando humor, o eterno Spartacus brincou com a fleuma inglesa de Firth e fez lisonjas à beleza de Hathaway: “Onde você estava na época em que eu atuava?”, perguntou. Sua participação foi mais emocionante, inclusive, que o prêmio honorário e coletivo pelo conjunto da obra de Francis Ford Copolla, Ely Wallach e Kevin Brownlow.

Resumo dos principais premiados:
O DISCURSO DO REI – 4 (filme, direção , ator e roteiro original)
A ORIGEM – 4 (efeitos, mixagem de som, edição de som, fotografia)
A REDE SOCIAL – 3 (montagem, roteiro adaptado, trilha sonora)
O VENCEDOR – 2 (ator e atriz coadjuvante)
ALICE – 2 (figurino e direção de arte)
TOU STORY 3 – 2 (canção e longa de animação)
CISNE NEGRO – 1 (atriz)

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