Muito antes de festivais brasileiros de grandes portes – e mesmo alguns pequenos e modernos de hoje – instituírem a mescla de filmes finalizados em digital e em película numa mesma mostra competitiva, lá em 2003 uns gaúchos corajosos já propunham essa postura libertária do formato num festival de cinema descontraído até no próprio nome: CineEsquemaNovo: Festival de Cinema de Porto Alegre (CEN).

De lá para cá, a simpatia do evento como inovador e lançador de tendências no quesito ‘festival de cinema’ só fazia crescer entre os profissionais do meio cinematográfico. Isso com relativo destaque entre a nova geração de realizadores que, culturalmente, é a menos preconceituosa no que diz respeito a hierarquização do audiovisual em função de sua forma de captação; ou seja, no CEN, não importa se seu filme foi realizado via celular, filmadora, máquina fotográfica, Super-8 ou por uma câmera 35mm. O importante é que ele é um filme e vai ser visto ali, desde que tenha algo interessante a dizer.

Com a exibição do filme “Os Residentes”, de Tiago Mata Machado, a partir das 19h de hoje (e indo até 30 de abril), na sala P. F. Gastal, em seu QG, a Usina do Gasômetro, o CEN abre sua 7ª edição. E está robusto como nunca. Levará à capital gaúcha cerca de 50 convidados, entre realizadores e representantes de festivais internacionais, como Antônio Câmara Manuel, diretor artístico do festival Temps D’Images e diretor de produção do Festival Anual de Vídeo Arte Internacional de Lisboa.

Do Temps D’Images, o curador trouxe quatro títulos para compartilhar na mostra, estando três em destaque: “Silêncio”, de F.J. Ossang, premiado em Cannes e inédito na América Latina; “The End of a Love Affair”, co-dirigido por João Fiadeiro e pelo celebrado Pedro Costa; e “Curso de Silêncio”, do mesmo diretor de “José & Pilar“, Miguel Gonçalves Mendes.

Ainda dentro da mostra paralela “Panorama Internacional”, chama atenção “Rip in Pieces América”, que apresenta uma coletânea de vídeos banidos da internet em função do seu conteúdo; e “After the Empire”, uma sátira em que diversos personagens da cultura pop, como Marylin Monroe e Elvis Presley, aparecem como esquetes trágicos, cômicos e absurdos. Os dois filmes compõem o programa “Transmediale”, festival de arte e cultura digital de Berlim já na 25ª edição.

Também pela primeira vez, o CEN concederá prêmio em dinheiro. Tendo a Petrobrás e a telefônica Oi como patrocinadores, o festival premiará com R$ 12 mil o melhor longa-metragem (competem 12, sendo três inéditos em festivais) e com R$ 5 mil o melhor curta ou média (competem 27).

Os longas que estreiam no festival gaúcho são “Luzeiro Volante”, de Tavinho Teixeira (PB/CE); “Álbum de Família”, de Wallace Nogueira (BA); e “Baptista Virou Máquina”, de Carlos Dowling (PB). Aparece na lista também o pernambucano “Pacific”, uma instigante investigação de Marcelo Pedroso sobre a relação com a imagem, e o seu uso, a partir de filmagens pessoais realizadas por turistas a bordo de um navio em direção ao arquipélago Fernando de Noronha.

Já na competição entre curtas e médias, estarão lá três de Pernambuco: “Mens Sana in Corpore Sano”, de Juliano Dornelles, “My Way”, de Camilo Cavalcante e “As Aventuras de Paulo Brusky” (personagem que foi homenageado pelo CEN em 2007). A partir de terça-feira, você acompanha a cobertura do 7° CineEsquema aqui no CinemaEscrito.

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7ª CineEsquemaNovo

Veja os longas-metragens selecionados (ordem alfabética)

– A Alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande (2010 – 100:00 – RJ)
– Álbum de Família, de Wallace Nogueira (2010 – 70:00 – BA)
– Baptista Virou Máquina, de Carlos Dowling (2011 – 60:10 – PB)
– Chantal Akerman, de Cá, de Gustavo Beck e Leonardo Luiz Ferreira (2010 – 62:10 – RJ/SP)
– Desassossego, de Felipe Bragança e Marina Meliande (2011 – 63:00 – RJ/SP)
– Ex Isto, de Cao Guimarães (2010 – 86:00 – MG/SP)
– Luz nas Trevas, de Helena Ignez (2010 – 83:00 – SP)
– Luzeiro Volante, de Tavinho Teixeira (2011 – 65:00 – PB/CE)
– Mulher à Tarde, de Affonso Uchoa (2010 – 82:00 – MG)
– O Céu Sobre os Ombros, de Sérgio Borges (2010 – 71:00 – MG)
– Os Monstros, de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti (2011 – 81:00 – CE)
– Pacific, de Marcelo Pedroso (2009 – 71:00 – PE)

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Veja os curtas-metragens selecionados (ordem alfabética)

– 1976 – Lugar Sagrado, de Carlosmagno Rodrigues e Alfonso Pafyeze (2010 – 05:35 – MG)
– A Banda dos 7, de Sara Ramo (2010 – 20:00 – MG)
– A Felicidade dos Peixes, de Arthur Lins (2011 – 24:50 – PB)
– A Janela (ou Vesúvio), de João Toledo (2010 – 08:50 – MG)
– As Aventuras de Paulo Bruscky, de Gabriel Mascaro (2010 – 20:00 – PE)
– As Corujas, de Fred Benevides (2009 – 20:30 – CE)
– Balanços e Milkshakes, de Erik Ricco e Fernando Mendes (2010 – 09:55 – MG)
– Cachoeira, de Sérgio José de Andrade (2010 – 13:47 – AM)
– Caos, de Fábio Baldo (2010 – 15:40 – SP)
– Cat Effekt, de Gustavo Jahn e Melissa Dullius (2011 – 40:00 – RU/BR)
– Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo, de Rodrigo John (2011 – 07:33 – RS)
– Como é Bonito o Elefante, de Juruna Mallon e Lucas Barbi (2010 – 08:00 – RJ/MG/FR)
– Dia 1 P.M., de Aly Muritiba (2010 – 10:00 – BA)
– Handebol, de Anita Rocha da Silveira (2010 – 19:00 – RJ)
– Mens Sana in Corpore Sano, de Juliano Dornelles (2011 – 21:50 – PE)
– Meu avô, o fagote, de Tatiana Devos Gentile (2010 – 26:00 – RJ)
– My Way, de Camilo Cavalcante (2010 – 06:45 – PE)
– Náufragos, de Gabriela Amaral Almeida e Matheus Rocha (2010 – 15:00 – BA/SP)
– Número Zero, de Cláudia Nunes (2010 – 22:00 – GO)
– O Sarcófago, de Daniel Lisboa (2010 – 19:45 – BA)
– Orawa, de Felipe Barros (2010 – 03:41 – SP)
– Permanências, de Ricardo Alves Júnior (2010 – 34:00 – MG)
– Quatorze, de Leonardo Amaral (2010 – 10:30 – MG)
– Raimundo dos Queijos, de Victor Furtado (2011 – 16:00 – CE)
– Último Retrato, de Abelardo de Carvalho (2010 – 09:00 – RJ)
– Walter, de Pedro Henrique Ferreira (2011 – 24:00 – RJ)
– Wannabe, de Mauricio Ramos Marques (2009 – 20:00 – PR)