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Festivais

15° Cine-PE (2011) – O Rochedo e A Estrela

A libertação de Kátia

Por Luiz Joaquim | 06.05.2011 (sexta-feira)

“É como se eu estivesse 30 quilos mais leve”. Foi assim que a cineasta Kátia Mesel resumiu a sensação que vem vivendo nos últimos dias, e que se consagra na noite de hoje, no 15o Cine-PE: Festival do Audiovisual, com a exibição hor-concours do documentário dramatizado “O Rochedo e A Estrela”, projeto que vem desenvolvido desde 1995.

Tendo suas últimas filmagens encerradas e divulgadas por essa Folha de Pernambuco em agosto de 2005, Kátia explicou que, de lá até aqui, passou por uma via crucis burocrática até conseguir os recursos para a finalização do filme. Ainda naquele ano, a diretora já alimentara Lula Côrtes (1949-março 2011) com uma pesquisa musical para o compositor trabalhar sobre a trilha sonora a partir de melodias ladinas, holandesas do século 17, de trovadores e árabe-judáica.

Em 2006, Kátia tinha o primeiro corte da montagem, realizada por Cláudio Fernandes; e em 2007 trabalhara sobre ajustes técnicos como a colorimetria no processo “tape to tape” (operação para corrigir cores e luz de um vídeo) para as imagens cinematografadas por Beto Martins com uma câmera Panasonic DVX100.

“Em 2008 e 2009, passei todo o ano solicitando a Ancine a prorrogação do projeto, o qual só foi concedido entre 9 e 31 de dezembro. Em 2010, foi a mesma coisa, e tive entre apenas 27 de novembro a 31 de dezembro do ano passado para levantar mais recursos. Fiquei atravancada na malha burocrática e, tudo bem, temos de ser organizados, mas não podemos ser impedidos de produzir pelo órgão que é para nos ajudar”, desabafa.

“O SIC [Sistema Municipal de Incentivo à Cultura do da Prefeitura do Recife] foi uma ajuda, e daí fiz o transfer [passar do formato digital para película] e produzi a primeira cópia em 35mm que, só ela, custou 36 mil reais”, contabiliza.

Kátia lembra que se afastou um pouco do cenário cinematográfico nos últimos tempos inclusive pelas cobranças da sociedade e das pessoas pelo projeto. “Era uma cobrança natural. Alguém sempre chegava para perguntar sobre o filme. Os amigos se preocupavam e estavam curiosas porque sabiam que era um trabalho sério”, diz.

Sobre o resultado de “O Rochedo…”, a cineasta adianta: “Não estou lançando um blockbuster , e o filme pode ter uma distribuição paralela, e um espaço interessante na TV e no circuito estrangeiro. De qualquer forma, ele, a partir e hoje, ganha uma vida. Até a equipe vai vê-lo pela primeira vez. Sei de gente pode não gostar e outras que gostarão, mas agora fechei um longo processo que gerou angustia”.

Para “O Rochedo e A Estrela”, Kátia dramatizou situações do século 17 e entrevistou mais de 30 intelectuais brasileiros e estrangeiros. O assunto era os judeus ibéricos que saíram da Europa fugidos da inquisição, vieram a Pernambuco e depois partiram para Nova Iorque. “Quando me perguntam sobre o que é o filme, digo que é sobre a liberdade do ser humano”, encerra a, agora leve, Kátia Mesel. A sessão de hoje tem entrada gratuita.

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