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Festivais

15o. Cine-PE (2011) Zelito Viana

Cinema como resgate e como narrativa pessoal

Por Luiz Joaquim | 02.05.2011 (segunda-feira)

O cineasta Zelito Viana, que aos 72 anos será homenageado hoje pelo Cine PE, enxerga com simpatia e também com um certo cinismo a reverência proposta pelo festival. “Essa cerimônia me faz pensar em dois pontos”, explica o diretor, em conversa no saguão do Hotel Palace, onde está hospedado. “Por um lado é positivo porque o Cine PE tem o diferencial do público, com sessões com mais ou menos duas mil pessoas. Por outro você lembra que está ficando mais velho”, comenta Zelito, que trabalha com cinema desde os anos 1960.

Hoje o realizador apresenta o longa-metragem fora de competição “Augusto Boal e o Teatro do Oprimido”, dentro da programação oficial do evento, que começa às 18h30, além de ser personagem do livro “Zelito Viana: Histórias e Causos do Cinema Brasileiro”, de Betse de Paula, que também será lançado hoje. O filme é um documentário clássico, atento ao que o personagem tem a dizer sobre arte, teatro e política. “Boal é pouco conhecido no Brasil, mas o método de representação que ele criou nos anos 1970 é muito pesquisado no mundo, assim como o de Stanislavski e Brecht”, opina o diretor.

O filme de Zelito representa a ideia de registro de resgate, o documentário como uma operação que ressalta a importância de uma pessoa com um pensamento influente para novas gerações. “Esse tipo de filme é importante como a revelação de um retrato de um artista que se perpetua na imagem”, conceitua o realizador, que avisa que o filme tem distribuição nacional garantida pela empresa Polifilmes e também pelo Canal Brasil.

Zelito também apresentou na noite de abertura do festival o curta-metragem “Sons da Esperança”, trecho de um filme que será finalizado neste ano e irá integrar a programação do próximo ano do Cine PE. O filme fala sobre a orquestra do Coque e a participação do maestro Cussy de Almeida, que morreu em 2010, como professor. “Quando conheci a orquestra, me impressionou a qualidade da música desses jovens. Não é só um projeto social, é também uma possibilidade de profissionalização”, analisa Zelito. O ponto central da narrativa será a filmagem de um espetáculo da orquestra no dia 31 deste mês, no Teatro de Santa Isabel.

Outro longa-metragem do dia é “Casa 9”, de Luiz Carlos Lacerda. O diretor ressalta o caráter pessoal do filme, baseado em memórias íntimas sobre um espaço importante durante sua formação entre os anos 1970 e 80. “O filme conta a história de uma casa que foi um polo de criação no Rio de Janeiro. Foi por onde passaram artistas como Nelson Pereira dos Santos, Torquato Neto e Gilberto Gil. Foi também onde escrevi um roteiro com Clarice Lispector, uma grande amiga”, comenta o diretor.

Os curtas-metragens de hoje são “As Aventuras de Paulo Bruscky”, de Gabriel Mascaro, um filme que analisa o artista plástico a partir da fronteira de gêneros, meio animação e um tanto documental, “Fábula das Três Avós”, de Daniel Turini, um pequeno conto lúdico e soturno sobre uma neta que escolhe qual será sua companhia para a eternidade, e “A Casa da Vó Neyde”, de Caio Cavechini.

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